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sábado

15 outubro 2022

19:03:37
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Abate de jumentos para medicina chinesa vira polêmica no Brasil

Para atender à demanda de um produto chamado ejiao, produzido na China, os jumentos brasileiros estão correndo o risco de extinção. Em entrevista à Sputnik Brasil, uma bióloga e um advogado explicam por que fazer os animais de insumo para a fabricação do item é uma bola de neve perigosa na qual ninguém parece prestar atenção.

Os jumentos brasileiros estão sendo dizimados para atender à demanda de um produto chamado ejiao, feito a partir do colágeno de sua pele, que, de acordo com a medicina tradicional chinesa, tem propriedades únicas que auxiliariam na circulação sanguínea.

Embora não haja comprovação científica dos efeitos do ejiao, esse fenômeno extrativista está preocupando alguns grupos ambientalistas e sanitaristas, como apontaram Yuri Fernandes, coordenador jurídico da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, e a bióloga Patricia Tatemoto.

Eles explicaram os perigos da prática extrativista e a importância de separá-la do que é o agronegócio brasileiro, cujo rigor é atestado pelas agências sanitárias e cujos produtos têm qualidade reconhecida internacionalmente.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram abatidos em 2021 quase 130 mil equídeos (jumentos, burros e cavalos). A maioria, que forma uma superpopulação no Nordeste brasileiro, foi vendida para a indústria médica da China, que tem interesse na pele, no couro e até mesmo na carne do animal.

No Brasil, a prática, como apontam os ativistas ouvidos pela Sputnik Brasil, gerou um imenso número de animais em sofrimento e abandonados, que são vendidos e transferidos para três diferentes abatedouros na Bahia.

Como apontou Yuri Fernandes, "essa demanda da China, que chegou a dizimar os seus jumentos, chegou a outros países, incluindo Brasil, México, Peru e Venezuela". Na África, ante as investidas chinesas, conforme relatou o especialista, 19 países se viram obrigados a adotar leis para banir o abate desses animais.

Ele explica que, no caso do Brasil, "existe uma situação dramática, pois eles estão sendo dizimados e não há cadeia de reabastecimento", como é de costume no caso de suínos, bovinos e outros animais. Isto é, não existe controle sobre o nascimento de novos jumentos, apenas se sabe que eles estão ficando cada vez em menor número.


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