Embora não haja comprovação científica dos efeitos do ejiao, esse fenômeno extrativista está preocupando alguns grupos ambientalistas e sanitaristas, como apontaram Yuri Fernandes, coordenador jurídico da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, e a bióloga Patricia Tatemoto.
Eles explicaram os perigos da prática extrativista e a importância de separá-la do que é o agronegócio brasileiro, cujo rigor é atestado pelas agências sanitárias e cujos produtos têm qualidade reconhecida internacionalmente.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram abatidos em 2021 quase 130 mil equídeos (jumentos, burros e cavalos). A maioria, que forma uma superpopulação no Nordeste brasileiro, foi vendida para a indústria médica da China, que tem interesse na pele, no couro e até mesmo na carne do animal.
No Brasil, a prática, como apontam os ativistas ouvidos pela Sputnik Brasil, gerou um imenso número de animais em sofrimento e abandonados, que são vendidos e transferidos para três diferentes abatedouros na Bahia.
Como apontou Yuri Fernandes, "essa demanda da China, que chegou a dizimar os seus jumentos, chegou a outros países, incluindo Brasil, México, Peru e Venezuela". Na África, ante as investidas chinesas, conforme relatou o especialista, 19 países se viram obrigados a adotar leis para banir o abate desses animais.
Ele explica que, no caso do Brasil, "existe uma situação dramática, pois eles estão sendo dizimados e não há cadeia de reabastecimento", como é de costume no caso de suínos, bovinos e outros animais. Isto é, não existe controle sobre o nascimento de novos jumentos, apenas se sabe que eles estão ficando cada vez em menor número.
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