15 dezembro 2024 - 18:26
ONU aprova exigência de cessar-fogo imediato em Gaza, mas enfrenta resistências

Apesar de não ser juridicamente vinculativa, a resolução tem peso político significativo, representando a opinião da maioria global sobre o conflito.

Nesta quarta-feira (11), a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução que exige um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza. A medida, que obteve 158 votos favoráveis entre os 193 países membros, também solicita a libertação instantânea de todos os reféns mantidos pelo Hamas.

A decisão reflete a crescente pressão internacional por uma solução que ponha fim à violência na região, que tem causado devastação humanitária. Apesar de não ser juridicamente vinculativa, a resolução tem peso político significativo, representando a opinião da maioria global sobre o conflito.

Estados Unidos e Israel se opõem à resolução

Entre os países que votaram contra a resolução estão Estados Unidos, Israel e outros sete membros, enquanto 13 nações optaram pela abstenção. O embaixador-adjunto dos EUA na ONU, Robert Wood, justificou a oposição americana alegando que a medida “recompensa o Hamas” e desconsidera a necessidade de libertar os reféns. No território, no entanto, a resistência armada inexiste, sendo visível apenas a devastação e morte injustificada de civis.

Wood também criticou uma segunda resolução aprovada pela Assembleia, que reafirma apoio à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Esta medida foi uma resposta à decisão de Israel de banir as operações da agência em território israelense a partir de janeiro de 2025.

Acusações contra a UNRWA e tensões crescentes

Israel acusou membros da UNRWA de colaboração com o Hamas, apontando que nove funcionários da agência podem ter participado do ataque do grupo ao território israelense em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a atual guerra. A UNRWA é um organismo da ONU que desenvolve inúmeros projetos de apoio as famílias expulsas de suas casas e terras por israelenses.

As operações da UNRWA, essenciais para fornecer ajuda humanitária na Palestina, têm sido questionadas por Israel, que as considera comprometidas pela presença de membros ligados ao Hamas. Israel trata todo palestino, incluindo crianças, com a mesma brutalidade que trata os supostos combatentes do Hamas. Dentro desta lógica se encontram também médicos e funcionários vinculados à ajuda humanitária.

Contexto regional e frentes de conflito

A guerra em Gaza já resultou em mais de 43 mil mortes palestinas, além da destruição de grande parte das infraestruturas no território. Por outro lado, o Exército israelense segue em busca de reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque de outubro de 2023, que deixou mais de 1.200 mortos em Israel.

Enquanto isso, um cessar-fogo foi recentemente alcançado entre Israel e o Hezbollah no Líbano, após meses de bombardeios que deslocaram mais de um milhão de pessoas e deixaram dezenas de mortos. Grupos como Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica, financiados pelo Irã, continuam sendo inimigos declarados de Israel, o que mantém as tensões na região.

Além disso, Israel tem conduzido ataques contra alvos aliados ao Irã em países como Síria, Iêmen e Iraque. Apesar dos confrontos, o temor de uma guerra total entre Israel e Irã ainda não se concretizou, mas a situação permanece volátil.

A aprovação das resoluções pela ONU reflete a urgência de uma solução para o conflito, mas expõe as divisões geopolíticas. Enquanto a comunidade internacional busca um caminho para cessar as hostilidades, o futuro das negociações depende da disposição das partes em conflito e do apoio de potências globais.

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