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quinta-feira

6 outubro 2016

21:08:25
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POR QUE OS MUÇULMANOS DESOBEDECERAM HUSSEIN (a.s.)?

Terceira Seção: Por que a maioria dos Muçulmanos desobedeceu ao Imam Al-Hussein (A.S.) em sua revolução?

 

Introdução

 

Irmãos queridos, um dos mandamentos mais importantes que o Islã nos ordena como prática em nossas vidas é defender a verdade e tomar partido da justiça. Entre os pilares da Religião Islâmica está prescrito: “Al amr bil ma’aruf uannahi ‘anil munkar”, ou seja, “Ordenar o bem e proibir o mal”. Por isso, Deus Altíssimo diz no Sagrado Alcorão o seguinte versículo:

 

“E o que vos impede de combater pela causa de Allah, quando existem os indefesos - homens, mulheres e crianças? Que dizem: ‘Ó Senhor nosso, tira-nos desta cidade, cujos habitantes são opressores! Designa-nos, da Tua parte, um protetor e alguém que venha em nosso socorro!’ Os crentes combatem pela causa de Allah; os incrédulos, ao contrário, combatem pela do Sedutor . Combatei, pois, os aliados de Satanás, porque a sutileza de Satanás é Débil.” Surata 4, Vers 75 e 76.

 

O Imam Ali (A.S.) testemunhou aos seus filhos dizendo:

 

“Sejais inimigos dos injustos e apoiadores dos injustiçados (oprimidos)”.

 

Foi com base neste caminho e nesta visão filosófica e espiritual que se firmou o objetivo da Revolução do Imam Al-Hussein (A.S.). Ou seja, ela tem como mote principal a defesa dos oprimidos. Foi por eles que o Imam (A.S.) levantou-se, combatendo os injustos e opressores da sua época.

     

Quando Yazid, o governante corrupto e hipócrita da Nação Islâmica, chegou ao poder, mandou o seu representante ao Imam Al-Hussein (A.S.), para que este o apoiasse e obedecesse. Então, o Imam Al-Hussein (A.S.) declarou sua posição contrária ao governo injusto dos omíadas, dizendo:

 

“... (Eu nunca poderei obedecer este governante porque) Yazid é um homem libertino, consumidor de bebida alcoólica, assassino das almas honestas, declaradamente desviado. Eu não posso obedecer e apoiar um homem como ele.”

 

É impossível que os seguidores da verdade e da justiça obedeçam, apóiem e sigam os homens corruptos, injustos e falsos, como os que perfilavam-se ao lado do governante hipócrita Yazid. Porém, o líder que representa a posição da verdade e da justiça não pode enfrentar a injustiça, a falsidade e seus poderes sozinho. Por isso, deve ser apoiado por um grupo de pessoas que compartilhem dos seus valores elevados e o acompanhem neste movimento para defender a verdade e a justiça. Caso os injustos encontrem o líder deste movimento sozinho, podem eliminá-lo de uma maneira rápida e fulminante.

     

Em relação à questão do Imam Al-Hussein (A.S) e sua revolução abençoada, o povo mulçumano, naquele tempo, dividiu-se em três grupos.

 

O primeiro era constituído por aqueles que o acompanharam, protegeram e se dispuseram a sacrificar-se, com todos os bens que possuíam, em sua defesa.  

 

O segundo grupo era formado por aqueles que acompanharam e apoiaram o governante injusto Yazid, filho de Muawiyah.

 

Finalmente, o terceiro grupo era integrado pelos que tomaram uma posição indiferente, não apoiando nenhum dos dois lados. Ou seja, omitiram-se em relação aos fatos relevantes que se desenrolavam naquele momento.

 

O primeiro grupo, composto pelos companheiros sinceros do Imam Al-Hussein (A.S.), realizou a firme defesa da Religião Islâmica, compondo de maneira valente e altiva o movimento do Imam (A.S.). Este grupo de verdadeiros heróis, que não temeram por estar em número menor que o exército inimigo, tornou-se o grupo dos melhores guerreiros na defesa do caminho verdadeiro.

 

O segundo grupo, formado pelos corrompidos e desviados que enfrentaram o Imam Al-Hussein (A.S.) e seus companheiros, representou o caminho da hipocrisia. Ou seja, mantinham uma aparência islâmica, enquanto seus corações estavam mais voltados para a glória e os prazeres do mundo, enquanto  o Imam Al-Hussein (A.S.) e seus companheiros representavam o caminho do Verdadeiro Islã.

 

Quanto ao terceiro grupo, daqueles que se fizeram indiferentes, sua maldade não é menor que a maldade cometida pelo segundo grupo. Afinal, quando uma pessoa assiste uma cena como a que se desenrolou em Karbalá, onde o Islã e seus verdadeiros representantes sofreram uma pressão e um grande perigo, e fica inerte, não deixa de compactuar, implicitamente, com a corrupção. Este terceiro grupo, ao tornar-se indiferente, cerrou fileira ao lado dos injustos, pela abstenção do auxílio em prol da verdadeira luta pelo Islã.

 

O que nós podemos compreender a partir destes aspectos até aqui revelados é que o muçulmano verdadeiro deve ter uma posição consistente e coerente, aliando os sentimentos que vivem em seu coração a sua prática. Por isso, sempre deve estar ao lado da verdade e da justiça e defender estes valores humanos. Devemos oferecer o nosso sacrifício no caminho da proteção de ambos, não abandonando aqueles que se colocam à frente da luta por eles. Muito pelo contrário. Onde quer que exista alguém que se coloque em defesa e lute para implantá-los, devemos apoiá-lo. Senão, os nossos destinos estarão cheios de sofrimento e humilhação. O Imam Al-Hussein (A.S.) nos ensinou que a vida humana deve ser digna e honrada. Portanto, o verdadeiro muçulmano não pode aceitar a humilhação e a rendição frente aos opressores.   

 

A triste mensagem desta seção

 

Movidos por estes fortes motivos e embalados pelo idealismo dos justos, o Imam Al-Hussein (A.S.) e seus companheiros saíram da cidade de Al-Medina com uma grande caravana, formada por bravos guerreiros, contando, ainda, com idosos, mulheres e crianças entre eles. Durante a sua caminhada, o Imam Al-Hussein (A.S.) avisou a seus companheiros que ele (A.S.) decidiu ser martirizado em Karbalá. Quando souberam disso, a maior parte das pessoas que o acompanhavam, de espírito fraco, afastou-se dele e retornou para suas casas. Ficaram apenas os verdadeiros companheiros, sinceros e dedicados, que nunca o deixaram (A.S.) sozinho. Seu valor revelou-se em todo o seu esplendor no décimo dia de Ashura, quando eles defenderam e protegeram o Imam Al-Hussein (A.S.), mesmo cientes de que receberiam uma forte agressão do exército de Yazid.

 

Ao meio dia daquele dia fatídico e triste de Ashura, quando todos os companheiros haviam tornado-se mártires em Karbalá, cobrindo as areias do deserto com o sangue que emanava de seus corpos abençoados, o Imam Al-Hussein (A.S.) chamou-os, dizendo:

 

“Óh, Habib! Óh, Zohair, filho de Al-Kain! Óh, Muslim, filho de Awsajah! Óh, cavaleiros das batalhas! Óh, heróis das guerras! Eu estou chamando, mas por que vós não me ouvis? Eu vos estou invocando, mas por que vós não atendeis meu chamado? Será que vós estais dormindo? Por favor, levantai-vos para me ajudar, ou será que a morte não permite que vós me atendais?”.

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