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sexta-feira

16 dezembro 2022

19:22:44
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Lula já recuou e pode garantir espaço para entidades religiosas da base bolsonarista, diz analista

Organizações religiosas estão aquecendo seus músculos para fazer frente a eventuais avanços na agenda de costumes, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. A Sputnik Brasil investiga como entidades evangélicas como a ANAJURE atuarão durante o governo Lula 3.

Reconhecida por sua atuação discreta na defesa de interesses religiosos na esfera pública, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) se consolidou como principal instituição de influência dos evangélicos no Poder Judiciário brasileiro.

Criada em 2012, a ANAJURE fornece base legal para projetos de lei que atendam aos interesses dos setores evangélicos. Durante o governo Bolsonaro, a entidade ampliou a sua atuação para garantir a nomeação de seus membros a altos cargos do funcionalismo público, revelou a revista Piauí.

A ANAJURE ainda defende pautas como a proibição do aborto – inclusive em casos atualmente permitidos por lei no Brasil – a liberdade religiosa, isenção fiscal para igrejas e o combate à chamada "ideologia de gênero".

"A ANAJURE tem um histórico de enfrentamento direto nas pautas relacionadas ao segmento evangélico, seja nas questões de identidade de gênero, aborto, bíblias nas escolas, ensino religioso e funcionamento de igrejas em tempo de restrição de acesso durante o período da pandemia de COVID-19", disse o doutor em Direito e Religião João Paulo Echeverria à Sputnik Brasil.

Desde 2014, a organização tem atuação destacada no Supremo Tribunal Federal (STF), onde adquiriu o status de "amiga da corte", que permite o seu pronunciamento durante o julgamento de casos considerados da sua esfera de interesse.

Apesar de ser normalmente associada à senadora eleita Damares Alves, que foi diretora de Assuntos Legislativos da organização, a ANAJURE e suas similares ganharam espaço ainda durante os governos petistas.

"Os governos Lula 1 e 2, assim como Dilma 1, 2 e Temer, foram justamente os que mais dialogaram com as organizações religiosas", revelou Echeverria. "O governo Bolsonaro, embora tenha projetado essa inserção dos religiosos na política, na prática pouco fez de diferente se comparado com os governos Lula 1 e 2, com a exceção da indicação do ministro [do Supremo Tribunal Federal] André Mendonça."

De fato, foi durante o governo Dilma Rousseff que a ANAJURE conseguiu assento inédito a entidades de juristas evangélicos na Organização dos Estados Americanos (OEA). O trânsito fluido da ANAJURE dentro do Itamaraty ainda garantiu que a entidade disputasse vaga no Comitê de ONGs da Organização das Nações Unidas (ONU). As investidas do grupo para obter assento nesse prestigiado comitê, no entanto, foram repetidamente bloqueadas por países como Cuba e China.


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