“As pessoas me dizem para não perder mais tempo e para não me deixar enganar”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, em resposta a uma pergunta sobre as negociações com os Estados Unidos, durante uma entrevista concedida à revista Financial Times.
Ao se referir à ofensiva norte-americana de junho contra três instalações nucleares estratégicas em Fordo, Natanz e Isfahan, perpetrada enquanto Irã e EUA realizavam negociações indiretas mediadas por Omã no início de 2025, Araqchi reiterou que Teerã está disposto a retomar o diálogo, mas enfatiza que só o fará se Washington oferecer garantias claras de que não haverá novos ataques militares durante o processo de negociação.
Além disso, o diplomata destacou os danos causados pelos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas e assegurou que o Irã exige do governo Trump uma compensação pelos prejuízos ocasionados durante o conflito.
No entanto, os Estados Unidos não apenas se recusam a reconhecer seus erros em relação aos ataques contra o Irã, como também qualificaram de “ridícula” a demanda iraniana de indenização e a rejeitaram imediatamente.
O jornal Financial Times informou que analistas alertam que a prolongação do impasse diplomático aumenta o risco de um novo ciclo de conflito.
Citando um diplomata ocidental, o meio acrescentou que “poderia começar outro ciclo de confrontos, já que as operações militares não resolveram nenhum problema”.
A segunda rodada de diálogos entre a República Islâmica do Irã, os três países europeus e a União Europeia foi realizada nesta terça-feira em Genebra, sede europeia da ONU, com a participação de vice-ministros das Relações Exteriores e do vice-presidente de Política Externa da UE, após a escalada de agressões por parte do regime sionista e dos Estados Unidos.
O encontro, centrado no impasse em torno do Plano de Ação Conjunto Global (PIAC ou JCPOA, na sigla em inglês), permitiu a Teerã reafirmar sua postura diante dos representantes do E3 (Reino Unido, França e Alemanha) e da União Europeia (UE).
A República Islâmica do Irã, por sua vez, ressaltou que o trio europeu não possui motivos legais para invocar o mecanismo snapback, já que não cumpriram seus próprios compromissos sob o acordo após a saída unilateral dos EUA do PIAC em maio de 2018.
Diante da escalada de tensões, o ministro iraniano reafirmou a plena disposição do Irã para responder a qualquer agressão por parte dos Estados Unidos ou de Israel. “Não acredito que repitam uma ação desse tipo, mas se o fizerem, enfrentarão uma resposta similar, e até mais contundente, da nossa parte”, advertiu.
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