2 agosto 2025 - 02:59
Jornalista iraniana Sahar Emami recebe o Prêmio Simón Bolívar por sua coragem durante ataque israelense; Maduro presta homenagem

Prêmio Simón Bolívar foi entregue por Nicolás Maduro como tributo à resistência das mulheres do Sul Global e ao jornalismo comprometido com a verdade

A jornalista iraniana Sahar Emami foi homenageada nesta quinta-feira (31) com o Prêmio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar, em sua Chamada Especial de 2025, entregue pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A cerimônia aconteceu em Caracas e reconheceu a coragem de Emami por continuar transmitindo ao vivo durante um ataque aéreo israelense contra a sede da Organização de Radiodifusão da República Islâmica do Irã, ocorrido em 16 de junho.

Reportagem da Telesur aponta que o presidente venezuelano destacou que a premiação é uma homenagem não apenas à jornalista, mas a todo o povo iraniano e às mulheres do Sul Global. "Ao entregá-lo, estou concedendo-o ao povo heróico do Irã. Essa é a coragem das mulheres do Sul Global", afirmou Maduro, enaltecendo a firmeza de jornalistas que atuam sob fogo em zonas de conflito.

Sahar Emami, ainda abalada pelas memórias do ataque, relatou à Telesur como enfrentou a situação, mantendo a transmissão em meio ao caos: "O jornalismo no Irã é um elemento de resistência. Quando as explosões abalaram o prédio, não paramos de transmitir. Nossa tarefa era refletir a resistência do povo iraniano contra a agressão do regime sionista."

A repórter descreveu a tensão vivida durante o bombardeio: "Não tínhamos armas além de nossas câmeras, canetas e microfones. Mas isso foi o suficiente para incutir medo no inimigo. Eles atacaram não apenas um prédio, mas a verdade que estávamos contando."

Durante a entrevista, Emami denunciou a “guerra midiática multidimensional”, articulada por potências ocidentais com o objetivo de silenciar as vozes que denunciam os crimes cometidos contra o povo palestino. "A verdade é a principal vítima desta agressão. Enquanto Gaza está sendo bombardeada, a narrativa também está sendo bombardeada. E nós, a mídia livre, estamos aqui para combater isso", afirmou.

Ela também destacou a importância de veículos como Telesur,, Press TV e outras plataformas do Sul Global no enfrentamento do apagão informativo. "O que estamos vendo hoje — mobilizações nos EUA, Europa e América Latina — é resultado de pessoas mais avançadas do que seus governos. E isso se deve, em grande parte, ao trabalho de comunicadores que se recusam a ceder", declarou.

A jornalista fez um apelo por união internacional: "A voz unificada de todos os povos do mundo pode se opor às atrocidades do regime sionista. Não se trata apenas de falar abertamente, mas de nos unirmos, de unirmos nossas vozes e exigirmos justiça."

A jornalista fez um apelo por união internacional: "A voz unificada de todos os povos do mundo pode se opor às atrocidades do regime sionista. Não se trata apenas de falar abertamente, mas de nos unirmos, de unirmos nossas vozes e exigirmos justiça."

Crítica contundente ao papel das organizações multilaterais, Emami foi categórica ao dizer: "A ONU falhou com o povo palestino. Suas posições são fracas, muitas vezes limitadas a palavras vazias. Portanto, precisamos fortalecer uma voz que vá além das instituições burocráticas: a voz do povo."

Com palavras de reconhecimento e solidariedade, Emami valorizou o apoio da Venezuela e da Telesur, que celebrou 20 anos de atuação em julho. “Colocar a câmera onde ninguém mais ousou” foi, segundo ela, uma das grandes contribuições da emissora à luta por uma comunicação comprometida com os oprimidos.

Em sua fala de agradecimento, dirigiu-se especialmente aos jovens comunicadores: "Vocês são seres humanos eficazes, tanto diante das câmeras quanto fora delas. Continuem fortalecendo a consciência global sobre a liberdade e a verdade."

Também destacou a relevância das mulheres nas lutas de resistência, tanto no Irã quanto na Palestina. “As mulheres são pioneiras na luta. Mães que perdem seus filhos, apresentadoras que fazem reportagens sob pressão, cientistas que avançam apesar das sanções. O Ocidente tenta distorcer a imagem delas, mas não conseguirá esconder sua força.”

Quando questionada sobre seu maior sonho, Emami respondeu com serenidade: “Paz para todos os povos do mundo. Fim da agressão, da opressão e das sanções unilaterais. Que todo ser humano viva em liberdade, segurança e tranquilidade.”

A entrega do Prêmio Simón Bolívar reforça o papel da Venezuela como defensora do jornalismo ético e comprometido com as lutas dos povos. Em tempos de conflito e manipulação midiática, o reconhecimento a Sahar Emami envia uma mensagem clara: a resistência informativa continua viva e tem rosto, nome e voz.

Em suas palavras finais, Emami reafirmou sua convicção: "A verdade não tem preço. Faz parte de uma resistência incansável, com humanismo e justiça."

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