De acordo com a Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (ABNA) – Hojjat al-Islam wa al-Muslimin Mohammad Hossein Amin, escritor e pesquisador religioso, em um breve e exclusivo artigo para a ABNA, explicou e delineou as manifestações da gestão de crises na cena de Karbala e sua exemplaridade para a sociedade atual.
Crise Narrada com Sangue
Quando a história repousa sobre uma página de sangue, Karbala não é um evento, mas uma "escola." O Imam Hussein (A.S.), no calor escaldante de Ashura, traçou lições de gestão de crises que, hoje, após catorze séculos, continuam sendo uma receita salvadora para as sociedades humanas. Aqui, a crise não é apenas a falta de água e o cerco; é um teste para medir a "liderança" nas condições mais difíceis. Os sermões do Imam (A.S.) nos dias que antecederam Ashura – de Meca a Karbala – e seu comportamento com os companheiros, o inimigo e até mesmo a família, demonstram um modelo abrangente de "gestão de crises" que se baseia em três pilares: conscientização, responsabilidade e criatividade na ação.
Os gestores de hoje, em organizações globalmente desafiadoras, mais do que nunca, precisam revisitar esse modelo. Podemos aprender a lição da "prevenção" com o discurso do Imam (A.S.) em Mina – onde seus avisos sobre o governo de Yazid eram uma previsão de crise? A divisão de tarefas na noite de Ashura entre os companheiros, um exemplo de "formação de equipe inteligente" em crise? Este artigo, ao analisar os sermões e as posições do Imam (A.S.), oferece um modelo prático para os líderes da era atual.
Previsão de Crises: A Arte da Liderança Sábia e Consciente
O Imam Hussein (A.S.), antes de iniciar sua jornada para Karbala, previu a crise do governo de Yazid em seu inflamado sermão em Meca: "As pessoas são escravas do mundo e a religião é apenas uma palavra em suas línguas..." (1). Isso significa que o Imam (A.S.) e o líder tinham uma visão estratégica precisa, que lhes permitia ver a tempestade antes do início da chuva. Os gestores de hoje também devem aprender que as crises não são repentinas; elas têm sinais que, se o líder for "atento e analítico," podem ser antecipados.
Na gestão moderna, esta etapa é referida como "monitoramento ambiental." O Imam (A.S.) com um conhecimento preciso da sociedade de sua época – que estava aprisionada pela riqueza e pelo poder – percebeu que a reconciliação com Yazid não resolveria a crise, mas aprofundaria a corrupção. Essa mesma visão lembra aos gestores de hoje que, às vezes, o "silêncio diante da crise" é, em si, um agravante da catástrofe. As grandes empresas globais que ruíram devido aos desvios éticos de seus gestores não precisavam dessa mesma lição?
Formação de Equipe na Tempestade: Gestão de Recursos Humanos
Na noite de Ashura, o Imam (A.S.) disse aos seus companheiros: "Quem quiser, pode ir na escuridão da noite..." (2). Mas ninguém foi. Essa lealdade não foi por acaso; foi o resultado de uma liderança baseada na confiança e na transparência. O Imam (A.S.), antes da crise, com suas ações – como a distribuição igualitária de água entre os companheiros nos dias do cerco – havia incutido um senso de "justiça" na equipe. Gestores de hoje devem saber: a formação de equipes em crise é o resultado de comportamentos anteriores.
Na noite de Ashura, o Imam (A.S.) definiu claramente os papéis: Hazrat Abbas (A.S.) responsável pela água, Zuhayr ibn Qayn comandante da ala direita e assim por diante. Essa divisão de trabalho baseada na competência é um princípio da gestão de crises. Nas organizações de hoje, muitas falhas resultam da "falta de coordenação"; enquanto o Imam (A.S.), mesmo nos momentos mais difíceis, manteve a unidade de propósito.
Comunicação em Crise: De Sermões Inflamados à Diplomacia Midiática
O Imam Hussein (A.S.) falou várias vezes com o exército inimigo no dia de Ashura. Mesmo quando as lanças foram apontadas para ele, ele disse: "Vocês não me dão uma chance para responder?" (3). Essa é a arte da gestão da comunicação em crise. O Imam (A.S.) sabia que as crises são melhor resolvidas através do diálogo e da persuasão do que da guerra. Hoje, os gestores devem aprender que o "silêncio" em uma crise, às vezes, significa aceitar a derrota.
O sermão do Imam (A.S.) no dia de Ashura – enfatizando a "liberdade" e a "não aceitação da humilhação" – foi uma mensagem midiática estratégica. Ele sabia que essas palavras permaneceriam na história e inspirariam movimentos. Na era atual, os gestores de crises devem usar as ferramentas de mídia para transmitir mensagens claras; assim como o Imam (A.S.) imortalizou sua mensagem através da linguagem do sacrifício.
Karbala: Uma Luz para os Líderes do Amanhã
A gestão de crises em Karbala não era apenas uma "tática"; era uma "filosofia de liderança." O Imam Hussein (A.S.) ensinou ao mundo que as crises não fazem grandes homens, mas os revelam. Hoje, os gestores de organizações – desde as políticas até as econômicas – se quiserem permanecer firmes nas tempestades, devem retornar à escola de Karbala: previsão, formação de equipe, comunicação transparente e responsabilidade. Essas são as lições que brilham desde o solo vermelho de Ashura até a eternidade.
Referências:
- Bihar al-Anwar, vol. 44, p. 382
- Maqtal al-Khawarzmi, vol. 2, p. 45
- Maqtal al-Muqarram, p. 201
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