27 junho 2025 - 16:29
Por Que o Imam Hussein (A.S.) Se Levantou Sabendo do Martírio?

Por que alguém que sabe que será morto entra em campo? Como pode uma morte consciente se tornar a fonte da vida de uma nação? Essa pergunta é a chave para entender o maior evento da história do Islã: o levante de Hussein (a.s.), uma decisão que nasceu da razão, da fé e da missão divina.

A Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (a.s.) – Abna: A busca pelo martírio do Imam Hussein (a.s.) não foi uma decisão emocional e instantânea, mas sim um movimento previamente consciente e baseado em uma profunda percepção (discernimento). Para entender essa verdade, devemos prestar atenção a alguns eixos-chave nas motivações e objetivos do movimento de Ashura. Este artigo busca, em linguagem midiática, mas baseada em fontes xiitas, dar uma resposta clara à pergunta: por que o Imam Hussein (a.s.) se levantou sabendo do martírio?


1. O Conhecimento do Imam Sobre o Martírio: Uma Realidade Indiscutível

De acordo com a crença xiita, os Imams infalíveis (a.s.) possuem conhecimento divino (Laduni). Esse conhecimento inclui a consciência do futuro, incluindo seu próprio martírio. Várias narrações do Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos estejam com ele e sua família) sobre o martírio do Imam Hussein (a.s.) foram registradas em fontes autênticas; por exemplo, quando o Profeta (que a paz e as bênçãos estejam com ele e sua família) chorou ao abraçar Hussein (a.s.) e disse: "Minha Ummah matará meu Hussein." [1]

O próprio Imam Hussein (a.s.), antes de partir de Medina, disse várias vezes aos seus companheiros e AhlulBayt que estavam indo para o martírio, não para uma vitória aparente. Em uma de suas falas dirigidas ao seu irmão Muhammad ibn al-Hanafiyyah, ele disse: "Eu não me levanto por diversão ou corrupção, mas sim para reformar a Ummah do meu avô." [2]


2. A Preservação da Religião, Mesmo ao Preço do Sangue

O Imam Hussein (a.s.) se levantou não para uma vitória militar, mas para preservar a essência da religião. Em uma época em que Yazid ibn Mu'awiyah estava distorcendo o Islã e destruindo seus valores, o silêncio do Imam significaria a aprovação da opressão. Portanto, o Imam, ciente de seu martírio, considerava sua obrigação divina manter a religião viva. Ele disse: "Se a religião de Muhammad (que a paz e as bênçãos estejam com ele e sua família) não puder ser mantida senão pela minha morte, ó espadas, abracem-me." [3]

Nessa declaração, a missão de Hussein (a.s.) é clara: reviver o comando do bem, a proibição do mal e salvar o Islã da distorção.


3. O Levante Pela Consciência da História

O martírio do Imam Hussein (a.s.) não foi apenas para reformar a sociedade de seu tempo; sua mensagem é para toda a história. Esse levante foi uma "criação de história consciente"; o Imam (a.s.) sabia que seu sangue puro seria a semente da consciência nos corações. Após Ashura, os sermões de Sayyida Zaynab (s.a.) e Imam Sajjad (a.s.) em Sham e Kufa mostraram claramente que a mensagem de Ashura foi ouvida e teve impacto. Esse despertar continua até hoje.


4. Criação de um Modelo de Luta Contra a Opressão

O Imam Hussein (a.s.), com seu martírio, criou um "modelo eterno" de resistência contra a opressão. Ele sabia que a vitória aparente contra o poder militar de Yazid não era possível, mas que a legitimidade desse governo poderia ser esmagada através do martírio. Nas palavras de Shahid Motahari: Hussein (a.s.) não foi morto para ser derrotado, mas sim para que "o Islã não fosse derrotado". [4]

Desde então, todo levante pela liberdade no mundo tem sido devedor de Ashura.


5. Escolha Entre Humilhação e Martírio

O Imam Hussein (a.s.), em uma fala histórica, descreveu seu caminho assim: "Hayhat minna al-dhillah! (Longe de nós a humilhação!)" [5]. Ele não tinha outra opção senão duas: jurar fidelidade a Yazid, o beberrão e corrupto, ou uma morte honrosa. Ele escolheu a honra. Essa frase se tornou um símbolo do levante; um lema que até hoje faz tremer a consciência dos livres do mundo.

O Imam Hussein (a.s.) entrou em campo sabendo do martírio, porque seu martírio era mais vivo do que a própria vida. Com seu sangue, ele salvou uma religião, despertou uma nação e criou um modelo eterno de liberdade. Entender essa verdade não é apenas através da razão e da lógica, mas o coração deve compreendê-la. Ashura é um convite; um convite à resistência, à consciência e à fé.


Referências:

  1. Majlisi, Mohammad Baqir, Bihar al-Anwar, vol. 44, p. 245.
  2. Tabari, Mohammad ibn Jarir, Tarikh al-Tabari, vol. 5, p. 340.
  3. Ibn Qulawayh, Kamil al-Ziyarat, p. 258.
  4. Motahari, Morteza, Hamaseh Hosseini, vol. 1, p. 179.
  5. Waq'at al-Taf, p. 229.

Tags

Your Comment

You are replying to: .
captcha