9 julho 2025 - 00:41
Lula chama postura de Trump de 'irresponsável' após ameaças ao BRICS e afirma que mundo não quer 'imperador'

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os BRICS são soberanos e não querem um “imperador”.

Os países em desenvolvimento reunidos na cúpula dos BRICS, realizada nesta segunda-feira, rejeitaram a acusação de Trump, que classificou o bloco como “antiamericano”. Lula, por sua vez, declarou que o mundo não deseja um imperador, após Trump ameaçar impor tarifas adicionais ao grupo.

A ameaça de Trump, feita na noite de domingo, ocorreu enquanto seu governo se preparava para concretizar dezenas de acordos comerciais com diversos países antes do prazo de 9 de julho, data que fixou para impor fortes “tarifas de retaliação”.

Embora a administração Trump não tenha a intenção de aplicar imediatamente uma tarifa adicional de 10% contra os países do BRICS, o fará caso algum deles adote políticas que sua equipe considere “antiamericanas”, segundo revelou uma fonte familiarizada com o assunto.

Ao término da cúpula realizada no Rio de Janeiro, Lula adotou um tom desafiador ao ser questionado pela imprensa sobre as ameaças de Trump: “O mundo mudou. Não queremos um imperador”.

Referindo-se ao bloco, Lula afirmou: “Este é um conjunto de países que busca uma forma alternativa de organização da ordem econômica mundial. Por isso acredito que o BRICS incomoda alguns”.

Em fevereiro, Trump já havia advertido que os países membros do BRICS enfrentariam tarifas de 100% se tentassem minar o papel do dólar americano no comércio internacional.

Lula reiterou, nesta segunda-feira, sua convicção de que o comércio global precisa de alternativas ao dólar. “O mundo deve encontrar um caminho para que nossas relações comerciais não dependam do dólar”, declarou ao término da cúpula.

“Obviamente, é preciso agir com responsabilidade. Os bancos centrais devem dialogar entre si. É um processo gradual, até que se consolide”, acrescentou.

Outros membros dos BRICS também rejeitaram as ameaças de Trump.

Em um contexto no qual fóruns como o G7 e o G20 estão estagnados devido a profundas divisões internas, e diante da abordagem disruptiva de Trump — centrada em sua política de “EUA primeiro” —, os BRICS se posicionaram como um espaço alternativo para a diplomacia multilateral em meio ao aumento dos conflitos e das guerras comerciais.

Em uma declaração conjunta publicada na tarde de domingo, os líderes dos BRICS condenaram a recente agressão contra o Irã — país membro do grupo — e alertaram que o aumento das tarifas ameaça o comércio global, em uma crítica implícita à política tarifária de Trump.

Poucas horas depois, Trump advertiu que imporia sanções aos países que tentassem se integrar ao bloco.

O grupo BRICS original — Brasil, Rússia, Índia e China — realizou sua primeira cúpula em 2009. Posteriormente, a África do Sul se incorporou ao bloco, e no ano passado Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos foram admitidos como membros plenos. A Arábia Saudita aceitou formalmente o convite para adesão, embora, por enquanto, participe como país parceiro.

Mais de 30 países manifestaram interesse em ingressar no BRICS, seja como membros plenos ou como associados.

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