5 agosto 2025 - 10:30
Observância dos Princípios Morais em Condições de Guerra

Em tempos de guerra, a observância da ética é vital para a resistência e a estabilidade da sociedade. Princípios éticos-chave, como o apoio à defesa legítima, a confiança em Deus, a superação do medo, e outros, são essenciais.

Agência de Notícias Internacional AhlulBayt (a.s.) - Abna: Em condições de guerra, quais princípios morais é melhor observar?

A "Paz" é um presente de Deus para a humanidade, e aqueles que buscam impor a guerra aos seres humanos são considerados ingratos e desagradecidos a este presente divino. Na visão do Islã, a transgressão dos limites alheios é religiosamente proibida; contudo, a autodefesa é um dever obrigatório e necessário. Embora jamais iniciemos uma guerra, se os inimigos tiverem a intenção de nos prejudicar, naturalmente nos defenderemos. Em condições de guerra, parte do espaço é ocupada pelos mujahidin divinos que confrontam o inimigo em combate militar; mas uma vasta porção do espaço físico e intelectual está nas mãos daqueles que atuam na retaguarda das frentes de batalha. A observância da ética para as pessoas comuns e cidadãos em tempos de guerra é uma necessidade inevitável; pois, se a ética de guerra entre as pessoas não for observada, o objetivo e a filosofia do combate serão postos em questão.

Nossa defesa do país é uma defesa legítima, que está em conformidade com a jurisprudência (fiqh), a ética, a lei e a natureza inata (fitra). O primeiro e mais fundamental ponto ético para as pessoas envolvidas na guerra é o apoio à defesa legítima, que o Alcorão também aprova explicitamente. Deus diz no Alcorão: "E lutai no caminho de Deus contra aqueles que vos combatem, mas não transgridais os limites, porque Deus não ama os transgressores" (1).

Abandonar o Medo: O crente, por sua fé em Deus, não permite que o medo de nada entre em seu coração. A confiança em Deus e o enfrentamento do medo são outros pontos éticos no contexto da guerra. O medo é a mãe do enfraquecimento; portanto, se temermos, nos tornaremos fracos. Por isso, devemos, com a confiança em Deus, oferecer tranquilidade a nós mesmos e aos outros; o Deus Todo-Poderoso diz: "E quem confia em Deus, Ele lhe basta" (2).

Preservar a Unidade: O inimigo, com toda a sua força, tenta minar a coesão nacional do povo; com base nisso, preservar a unidade e a coesão é um princípio ético importante e obrigatório para cada um de nós. As condições de guerra não são uma oportunidade para acertos de contas políticos. Disputas desnecessárias e inoportunas causam fissuras na unidade e coesão do povo; portanto, eticamente, somos obrigados a evitar estritamente a propagação de rumores, bem como conflitos étnicos, religiosos e políticos. O Deus Todo-Poderoso diz a respeito disso: "E apegai-vos todos à corda de Deus [Alcorão, Islã e todo meio de unidade] e não vos separeis" (3).

Altruísmo (Ithar): Em condições de guerra, podemos enfrentar dificuldades crescentes dia após dia. Se não tivermos o espírito de altruísmo, perdão e empatia, não estaremos agindo de acordo com uma vida ética. Deus, o Santíssimo, diz no Alcorão: "E cooperai uns com os outros na piedade e na retidão" (4). O altruísmo e o sacrifício de si mesmo pelos outros em condições de guerra são considerados mais valiosos do que em condições normais. As condições de guerra são uma boa oportunidade para eliminar o egoísmo.

Combater a Guerra Psicológica: O inimigo não só não hesita em cometer nenhuma injustiça no campo militar, mas também emprega todo o seu esforço no espaço virtual para perturbar a paz psicológica da sociedade através da disseminação de notícias falsas. Uma das mais importantes responsabilidades éticas dos crentes em tais condições é resistir com plena perspicácia à guerra psicológica do inimigo; e também não se deixar cair nessa armadilha do inimigo. Não republicar mensagens, imagens, vídeos, etc., cuja veracidade não foi confirmada, é o mínimo que se pode fazer para preservar a paz psicológica. No Alcorão, lemos: "Ó vós que credes! Se um transgressor vos traz uma notícia, verificai-a cuidadosamente, para que não prejudiqueis um povo por ignorância e depois vos arrependais do que fizestes" (5).

Obediência às Ordens: Todos nós, em condições de guerra, nos deparamos com múltiplas ordens e recomendações, e o governo e as instituições pertinentes estabelecem regulamentos e restrições; por exemplo, é dito para as pessoas não correrem para os postos de gasolina. O crente, para agir eticamente, deve cumprir todas as recomendações das autoridades.

Injetar Esperança: A "esperança" é o motor de uma sociedade; por outro lado, o desespero afasta o ser humano da atividade. Somos obrigados a realizar nosso jihad espiritual da melhor maneira possível, infundindo esperança nas veias da sociedade.

Evitar a Acumulação/Agiotagem: Em condições de guerra, a economia das pessoas é afetada; essa questão causa preocupação e algumas pessoas tentam abusar dessa situação através da acumulação de bens ou da especulação de preços. A ética dita que o crente não deve ignorar a justiça econômica, especialmente em tempos de crise.

Fortalecer a Fé: As dificuldades proporcionam o terreno para se aproximar de Deus. O ser humano se aproxima de Deus na tristeza. Beneficiar-se da súplica (du'a), das lágrimas, do tawassul (intercessão) e fortalecer a fé individual e coletiva são outras instruções éticas que não devem ser negligenciadas.

Evitar as Emoções: A racionalidade em condições de guerra é mais necessária do que qualquer outra coisa. O ser humano, inevitavelmente, se depara com questões em tempos de guerra que afetam suas emoções. Um dos componentes éticos mais importantes em tempos de guerra é evitar emoções e excitações falsas.

Praticar a Paciência: O ser humano julga as pessoas e os acontecimentos de acordo com seu conhecimento e consciência. Quanto menor o conhecimento sobre um assunto, mais superficial será o julgamento; por outro lado, quanto maior a informação sobre o assunto, mais profundo será o seu julgamento. No curso da guerra, desconhecemos muitas das conveniências e dos bastidores; portanto, a paciência nesses momentos é a melhor arma do crente. Ser apressado em compreender as condições às vezes dificulta as coisas. A paciência diante das dificuldades e problemas é outro tipo de paciência cuja posse é mais necessária em tempos de guerra. O Alcorão convida os crentes à paciência e diz: "Ó vós que credes! Buscai auxílio na paciência [e perseverança] e na oração; [porque] Deus está com os pacientes" (6).

Divulgação de Informações: Em tempos de guerra, nada é como em tempos de paz. Em tempos de paz, podemos ter permissão para falar e ouvir algo sem prejudicar a nós mesmos ou aos outros; mas em tempos de guerra, mesmo conversas comuns podem ser uma forma de divulgação de informações de guerra e podem levar o inimigo a seus objetivos mais rapidamente; por isso, tanto no espaço real quanto no virtual, devemos estar atentos a este princípio ético e não nos destruirmos nem destruirmos os outros com as próprias mãos; assim como Deus diz: "E não lanceis as vossas mãos à destruição" (7).

Anseio pelo Martírio (Shahadat-talabi): A guerra eleva o espírito de martírio entre as pessoas; portanto, eticamente, temos o dever de cumprir nossa obrigação moral, fortalecendo o espírito de martírio em nós mesmos e nos outros. O Deus Todo-Poderoso diz sobre isso: "[Ó Profeta] Não penses, de modo algum, que aqueles que foram mortos no caminho de Deus estão mortos, mas estão vivos e são sustentados por seu Senhor" (8).

Gratidão (Shukrguzaari): O crente é grato por aquilo que recebe ou não recebe. Em condições de guerra, algumas pessoas, devido ao estresse psicológico, tendem à ingratidão e, com sua ingratidão, perturbam sua alma e desiludem os outros; enquanto, eticamente, somos obrigados a ser gratos a Deus e, através da gratidão, alcançar a vitória. O Deus, o Santíssimo, diz: "Se agradecerdes, [certamente] aumentar-vos-ei [Minha graça]; mas se fordes ingratos, em verdade, Meu castigo é severo" (9).

Conclusão: A observância da ética em condições de guerra não é apenas uma questão clichê, mas desempenha o papel de espinha dorsal para uma sociedade. Uma vida ética em condições de guerra pode ter um impacto significativo na vitória da frente da verdade; assim como uma vida antiética leva a sérios danos. A observância de pontos como o apoio à defesa legítima, a confiança em Deus, a superação do medo, a preservação da unidade e da coesão nacional, o altruísmo e a empatia, o combate à guerra psicológica, a obediência às ordens, a injeção de esperança, a evitação da acumulação, o fortalecimento da fé, o afastamento do emocionalismo, a prática da paciência, a não divulgação de informações, o espírito de martírio e a gratidão, não são apenas deveres individuais, mas, em conjunto, criam um ecossistema ético poderoso para a sociedade.


Notas de Rodapé:

  1. (Alcorão, Al-Baqarah: 190).
  2. (Alcorão, At-Talaq: 3).
  3. (Alcorão, Al-Imran: 103).
  4. (Alcorão, Al-Ma'idah: 2).
  5. (Alcorão, Al-Hujurat: 6).
  6. (Alcorão, Al-Baqarah: 153).
  7. (Alcorão, Al-Baqarah: 195).
  8. (Alcorão, Al-Imran: 169).
  9. (Alcorão, Ibrahim: 7).

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