Agência de Notícias AhlulBayt (ABNA) – Por Wisam Zoghbour, desde Gaza
Após a última guerra, Gaza parece ter saído de um cenário cinematográfico pós-apocalíptico. Mais de 80% das edificações do território – cerca de 245 mil estruturas – foram destruídas, juntamente com o colapso quase total da infraestrutura vital: estradas, redes de água e eletricidade, hospitais, escolas e fábricas. O resultado é uma paralisação quase completa da vida econômica.
O custo estimado da reconstrução de Gaza gira em torno de 50 bilhões de dólares, e a expectativa é de que o processo leve pelo menos dez anos. Diversos planos internacionais e regionais foram apresentados para tentar salvar o território. Entre eles, o plano do Instituto RAND, dos Estados Unidos, que propõe soluções habitacionais temporárias e permanentes, bem como o desenvolvimento de campos de refugiados e de novos bairros residenciais. Já a iniciativa egípcia “Gaza 2030” tem como meta construir 400 mil unidades habitacionais e infraestrutura integrada em cinco anos, incluindo um novo porto e um aeroporto. Por sua vez, o projeto francês “Imagine Gaza – Construindo a Paz” enfatiza a participação dos moradores no processo de reconstrução, adotando projetos ecológicos e zonas econômicas especiais para promover estabilidade e desenvolvimento.
Entretanto, o maior desafio não está nas plantas de engenharia nem no financiamento, mas na capacidade de superar os obstáculos políticos que travam a execução. As medidas israelenses – o bloqueio e o controle sobre as passagens e saídas marítimas – constituem a principal barreira à entrada de materiais essenciais e ao início dos grandes projetos. Sem o enfrentamento dessas restrições, os planos permanecerão apenas no papel, fadados ao fracasso em meio à continuidade da pobreza, da destruição e das tensões.
A reconstrução de Gaza não é apenas uma tarefa de engenharia civil, mas um processo político e humanitário complexo, que exige coordenação internacional precisa, rara confiança mútua entre as partes envolvidas e uma visão de longo prazo. O êxito dessa missão poderia oferecer à população de Gaza um novo começo, transformando a destruição em uma oportunidade de reerguer uma sociedade estável e sustentável no coração de uma região em permanente turbulência.
Wisam Zoghbour é jornalista, Membro da Secretaria-Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos e Diretor da Rádio Voz da Pátria
Edição de Texto: Alexandre Rocha
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