18 dezembro 2025 - 09:15
Istighfār: o milagre que responde nos dias mais difíceis

Se você sofre com dor ou doença, vive em ansiedade, sente os nervos à flor da pele e não encontra tranquilidade; se caiu na pobreza, não tem filhos, seus negócios não prosperam e enfrenta desafios constantes; se suas súplicas não são atendidas, a chuva não cai, está endividado e não consegue quitar suas obrigações, e os problemas tomaram conta do seu ser — existe apenas uma receita de cura, resumida em uma única frase.

Abna Brasil: O Mensageiro de Deus (s.a.w.) apresentou o remédio para todas essas dores. Ele disse:
“Quereis que eu vos diga qual é a vossa doença e qual é o vosso tratamento? A vossa doença são os pecados, e o vosso tratamento é o istighfār.” [1]

Do ponto de vista linguístico, istighfār deriva da raiz gh-f-r, que significa cobrir, ocultar; e, no sentido religioso, é pedir perdão a Deus pelos pecados.

Ao examinarmos os versículos do Alcorão e as narrações, torna-se claro que ninguém está isento do arrependimento e do istighfār: não apenas os pecadores, mas também os crentes, e até mesmo os Imames (a.s.) e os Profetas são assíduos no istighfār.
A forma e a intensidade variam: o infalível pratica o istighfār para manter-se afastado do pecado; os demais, para purificar-se das faltas cometidas.


A relação entre o pecado e o arrependimento

Segundo a visão corânica, muitas das calamidades e provações da vida mundana estão diretamente ligadas às ações e aos pecados do próprio ser humano. O Alcorão enfatiza, em diversos versículos, que as dificuldades, crises e sofrimentos que atingem o homem são, na maioria das vezes, consequência de seus próprios atos.

Um dos versículos mais explícitos a esse respeito é o versículo 30 da Surata Ash-Shūrā:

“E qualquer desgraça que vos atinge é pelo que as vossas próprias mãos cometeram; e Ele perdoa muitas coisas.”

Este versículo deixa claro que muitos sofrimentos humanos são resultado direto de suas ações, embora Deus, em Sua misericórdia, perdoe grande parte dos pecados.

O Imam al-Sadiq (a.s.) disse:

“Toda veia que se rompe, toda calamidade que ocorre, toda dor de cabeça ou enfermidade que acomete uma pessoa é consequência dos pecados.”
Em seguida, recitou o versículo:
“E qualquer desgraça que vos atinge é pelo que as vossas próprias mãos cometeram; e Ele perdoa muitas coisas.”
Então acrescentou: “Aquilo que Deus perdoa é muito mais do que aquilo pelo qual Ele castiga.” [2]

Por essa razão, os Ahl al-Bayt (a.s.) ensinaram diversas formas de istighfār. Uma delas é repetir setenta vezes “Astaghfirullāh wa atūbu ilayh” após a oração do ‘Asr.
Esse istighfār, no meio do dia, tem dois benefícios:

  1. Pedir perdão pelos pecados cometidos desde a manhã.
  2. Criar vigilância espiritual para não pecar no restante do dia.

Assim, o problema principal somos nós mesmos.
Toda vez que cometemos erros — inveja, rancor, injustiça, mentira, consumo de bens ilícitos, desrespeito aos pais ou mesmo pequenos deslizes cotidianos — isso deixa marcas claras em nossa alma, psique e vida.

O pecado possui efeitos consequenciais (āthār waḍ‘iyyah): muitos pecados trazem sua retribuição já neste mundo. É por isso que surgem doenças, pobreza, falta de bênçãos, não aceitação das súplicas, dívidas e dificuldades diversas.

Na Du‘ā’ Kumayl, pedimos a Deus que nos preserve dos pecados que:
— trazem castigo,
— retiram as bênçãos,
— impedem a aceitação das súplicas,
— e fazem descer provações e dificuldades sobre a vida.

Em termos simples, pedimos a Deus que nos afaste dos pecados que ameaçam nossa tranquilidade, sucesso e qualidade de vida. Isso revela como os pecados se refletem em todos os aspectos da existência.


Os efeitos do istighfār nas narrações

Muitas narrações recomendam insistentemente o istighfār, pois ele remove inúmeros problemas humanos. O Profeta (s.a.w.) e os Imames (a.s.) apresentaram o istighfār como causa de:

— aumento do sustento e afastamento da pobreza [3];
— solução de problemas [4];
— remoção da tristeza e da angústia [5];
— descida das bênçãos celestiais (Hūd, 52);
— afastamento do castigo e das calamidades [6];
— aceitação das súplicas;
— concessão de filhos [7];
— aumento do conhecimento [8];
— quitação de dívidas [9];
— e descida da chuva da misericórdia e salvação da seca (Hūd, 52).


Os efeitos do pecado e do arrependimento sobre a alma

Sheikh Abbas Tabrizian escreve em sua obra:

“Um cientista japonês demonstrou, por meio de experiências, o efeito das palavras sobre a água. Quando palavras negativas eram dirigidas à água e ela era congelada, as imagens de suas moléculas mostravam formas deformadas; quando palavras positivas eram pronunciadas, as moléculas assumiam formas belas.” [10]

Ele prossegue:

“Uma instituição americana de bioenergia entrou em contato comigo e afirmou que realiza tratamentos por meio dos Nomes de Deus. O paciente é orientado a repetir, por 10 a 20 minutos, nomes como: Karim, Rahim, Rahman, enquanto aparelhos medem as reações energéticas do corpo.” [11]

Assim, torna-se evidente que o pecado, que obscurece e escurece a alma, é removido pelo istighfār e pelo pedido sincero de perdão, restaurando luz, frescor e vitalidade espiritual.


Como se arrepender corretamente

Arrepender-se não é difícil; basta observar alguns pontos:

Arrepende-te imediatamente: não adies. Assim que pecares, recolhe-te por alguns minutos, pede perdão e purifica o coração. O adiamento torna a alma insensível, e não há garantia de tempo para o arrependimento.
Não repetir o pecado: após o arrependimento, evita reincidir.
Setenta vezes de istighfār: mantém o hábito após a oração do ‘Asr.
Restituir os direitos alheios: o arrependimento não é completo sem devolver os direitos das pessoas.
Escolher boas companhias: amigos virtuosos ajudam a afastar o pecado; o bom amigo é um escudo contra Satanás.


Conclusão

O istighfār é uma solução prática e real para a vida contemporânea.
Dores inexplicáveis muitas vezes são reflexo dos efeitos espirituais do pecado sobre o corpo e a alma. Encarar os erros e purificá-los por meio do istighfār traz serenidade interior, que se reflete na mente, no corpo e na vida cotidiana, renovando a energia vital.

Se hoje você se sente cansado, ansioso, sem forças, envolto em problemas, tristeza ou pobreza, recorde a palavra do Mensageiro de Deus (s.a.w.):
olhe para dentro de si, reconheça seus erros, pratique o istighfār e retome o caminho correto.


Notas

[1] Al-Targhīb wa al-Tarhīb, vol. 2, p. 468.
[2] Wasā’il al-Shī‘a, vol. 15, p. 299.
[3] Kanz al-Fawā’id, vol. 2, p. 197.
[4] Makārim al-Akhlāq, p. 328.
[5] Al-Kāfī, vol. 8, p. 93.
[6] Mustadrak al-Wasā’il, vol. 5, p. 318.
[7] Makārim al-Akhlāq, p. 226.
[8] Miṣbāḥ al-Kaf‘amī, p. 63.
[9] Al-Da‘awāt, p. 31.
[10] Dirāsah fī Ṭibb al-Rasūl al-Muṣṭafā, Abbas Tabrizian, vol. 2.
[11] Dirāsah fī Ṭibb al-Rasūl al-Muṣṭafā, Abbas Tabrizian, vol. 2.

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