Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (A.S.) – ABNA: O evento de Karbala é um dos pontos de virada na história do Islã, no qual Imam Hussein (A.S.) e seus companheiros foram martirizados no dia de Ashura (no ano 61 do calendário islâmico). Neste episódio, o povo de Kufa desempenhou um papel crucial; inicialmente, convidaram o Imam para Kufa enviando milhares de cartas, mas, no final, o abandonaram e alguns até se juntaram ao exército inimigo. Esse comportamento ambíguo levanta questões sobre as motivações e as consequências dessa traição histórica.
1. O Papel do Povo de Kufa no Evento de Karbala
a) Convite ao Imam Hussein (A.S.)
- O povo de Kufa, insatisfeito com a opressão e a corrupção do governo de Yazid, enviou inúmeras cartas (cerca de 12 mil cartas, segundo algumas narrativas) pedindo ao Imam Hussein (A.S.) que fosse a Kufa e assumisse sua liderança.
- O representante do Imam, Muslim ibn Aqil, foi a Kufa e foi recebido com ampla aceitação. Milhares de pessoas juraram lealdade a ele.
b) Mudança de Posição e Traição
- Com a chegada de Ubaydullah ibn Ziyad (o novo governador de Yazid em Kufa), o povo de Kufa foi colocado sob pressão e ameaças.
- O medo da repressão, a tentação financeira e as promessas do governo fizeram com que muitos dos que haviam jurado lealdade se arrependessem.
- Muslim ibn Aqil ficou sozinho e foi martirizado. Inclusive alguns dos próprios que o convidaram, mais tarde, lutaram no exército de Umar ibn Sa'd contra o Imam Hussein (A.S.).
c) Falta de Ajuda ao Imam em Karbala
- Quando Imam Hussein (A.S.) chegou a Karbala, o povo de Kufa não apenas falhou em ajudá-lo, mas alguns, ao enviar forças para o exército inimigo, participaram de seu martírio.
- Apenas um pequeno número, como Habib ibn Mazahir e Hurr ibn Yazid Riyahi, se juntou ao Imam nos últimos momentos.
2. Por Que o Povo de Kufa Convidou, mas Não Ajudou?
a) Medo do Governo
- O governo Omíada havia aterrorizado o povo com ameaças e intimidação. Muitos preferiram permanecer em silêncio para proteger suas vidas e bens.
b) Mundanismo e Busca por Interesses Pessoais
- Alguns foram enganados por promessas financeiras e cargos governamentais, sacrificando valores religiosos por interesses materiais.
c) Instabilidade da Fé
- Uma fé superficial e a falta de adesão profunda aos princípios islâmicos fizeram com que o povo de Kufa recuasse sob pressão.
d) Falta de Compreensão da Importância da Revolta do Imam Hussein (A.S.)
- Muitos pensavam que Imam Hussein (A.S.) estava lutando apenas por poder, enquanto seu objetivo era reviver o Islã puro.
3. Lições dessa Traição para as Sociedades Atuais
a) O Perigo da Indiferença e do Silêncio Diante da Opressão
- O silêncio do povo de Kufa diante da opressão de Yazid levou à tragédia de Karbala. Hoje, a indiferença diante das injustiças políticas, sociais e econômicas também pode ter consequências devastadoras.
b) Não Ser Enganado pela Propaganda Governamental
- O povo de Kufa foi influenciado pela propaganda e ameaças do governo. Atualmente, a mídia estatal e as redes sociais também podem desviar a opinião pública.
c) Adesão aos Princípios Éticos e Religiosos
- O materialismo e o medo impediram o povo de Kufa de apoiar a verdade. As sociedades de hoje devem defender os princípios humanos e os valores éticos, mesmo que isso tenha um custo.
d) Responsabilidade em Relação aos Verdadeiros Líderes
- O povo de Kufa traiu o líder que eles próprios haviam convidado. Hoje, as sociedades também devem permanecer firmes no apoio aos líderes que buscam a justiça.
e) Aprender com as Consequências da Traição Histórica
- A traição dos kufianos não só levou ao martírio de Imam Hussein (A.S.), mas também fez de Kufa uma cidade conhecida na história por sua infidelidade. Hoje, a traição aos ideais de liberdade e justiça pode levar à destruição da confiança pública e ao declínio moral da sociedade.
O evento de Karbala não é apenas uma tragédia histórica, mas um espelho para as sociedades atuais que mostra como o medo, o materialismo e a irresponsabilidade podem levar a uma grande catástrofe. O povo de Kufa, apesar de saber da retidão do Imam Hussein (A.S.), recusou-se a ajudá-lo devido à fraqueza de sua fé e à busca por vantagens pessoais. Hoje, as sociedades devem aprender com essa lição histórica, não silenciar diante da opressão e da corrupção, e defender os valores humanos e religiosos.
Ponto Final: Karbala não é apenas história; é uma lição eterna, para todos os tempos e todos os lugares.
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