26 junho 2025 - 18:25
Uma Narrativa Xiita da Diplomacia da Paz dos Ahl al-Bayt (a.s.)

O cessar-fogo no Islã nunca foi uma bandeira branca de rendição; antes, é uma bandeira branca com linhas de sangue de mártires e sabedorias divinas. Do vale de Hudaybiyyah ao palácio de Mu'awiyah, essas pazes são luzes que iluminaram o caminho da diplomacia islâmica nos momentos mais sombrios da história.

De acordo com a Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (ABNA), Hujjat al-Islam wal-Muslimin Mohammad Hossein Amin, escritor e pesquisador religioso, em um artigo exclusivo para a ABNA, abordou a questão do "cessar-fogo e paz na história do Islã e na conduta dos Ahl al-Bayt (a.s.)", oferecendo uma breve visão sobre esta importante tática de guerra.

Entre a vasta quantidade de pesquisas históricas sobre as guerras do Islã, "os capítulos da paz" têm sido menos abordados. Neste artigo, examinaremos esses eventos de forma analítica e histórica, ainda que brevemente.


1. A Paz de Hudaybiyyah: Um Modelo de Governança Profética

1.1. Contexto Histórico

Em Dhul-Qa'dah do ano 6 da Hégira, o Profeta (que a paz e as bênçãos estejam com ele e sua família) partiu com 1400 de seus companheiros em direção a Meca para realizar a Umrah. Os coraixitas criaram um ambiente de guerra ao enviar Khalid ibn al-Walid para confrontá-los (1).

1.2. Condições do Tratado

a: Os muçulmanos deveriam retornar naquele ano sem realizar a Umrah. b: Um cessar-fogo de 10 anos. c: Liberdade para as tribos se unirem a qualquer um dos lados (2).

1.3. Análise Fiqh-Política

Allameh Tabataba'i, em Al-Mizan, considera esta paz como um "ponto de viragem na história do Islã", que teve três grandes conquistas:

  1. Reconhecimento do governo islâmico pelos coraixitas.
  2. Oportunidade para a expansão do Islã na ausência de guerra.
  3. Comprovação do pacifismo do Islã como um princípio, não uma tática (3). Sayyid Qutb, em Fi Zilal al-Qur'an, chama esta paz de "revolução silenciosa"; uma revolução escrita com a caneta da razão, não com a espada (4).

2. A Paz do Imam Hassan (a.s.): A Universidade da Luta Negativa

2.1. Contextos Históricos

Após o martírio do Imam Ali (a.s.), o Imam Hassan (a.s.) enfrentou Mu'awiyah com 12.000 soldados contra 60.000 (5).

2.2. Cláusulas do Tratado de Paz

As condições mais importantes: a: Não agressão aos xiitas. b: Preservação do Bayt al-Mal (tesouro público). c: Nomeação do sucessor pelo Imam (a.s.) (6).

2.3. Consequências da Violação do Tratado

Mu'awiyah violou todas as condições apenas 6 meses após a paz. Esta violação do tratado:

  1. Revelou a verdadeira face dos omíadas.
  2. Preparou o terreno para a revolta do Imam Hussein (a.s.) (7). O Imam Hassan (a.s.) disse:

"لَوْ لَا مَا أَرَدْتُ لَأَخْبَرْتُکُمْ بِمَا یَکُونُ إِلَی یَوْمِ الْقِیَامَۀ" (Se não fosse pela sabedoria, eu vos informaria sobre o que acontecerá até o Dia do Juízo Final) (8).


3. O Cessar-Fogo do Imam Ali (a.s.) em Siffin: A Escola Política Xiita

3.1. Análise Militar

Na Batalha de Siffin (37 AH), quando o exército de Mu'awiyah estava à beira da derrota total, eles pediram um cessar-fogo ao erguer o Alcorão em suas lanças (9).

3.2. Razões para a Aceitação

  1. Preservação da unidade aparente da Ummah.
  2. Um teste para discernir os verdadeiros crentes.
  3. Prevenção do martírio inútil dos companheiros (10).

3.3. Lições Contemporâneas

Shahid Sadr (que sua alma descanse em paz) em Dirasat fi Wilayat al-Faqih usa este evento para explicar a "Teoria da Escolha do Mais Competente" na governança islâmica (11).


Conclusão e Ponto Importante

É importante notar que os cessar-fogos islâmicos têm três características principais:

  1. Temporalidade (ser temporário).
  2. Propositalidade (preservar os interesses superiores do Islã).
  3. Dinamismo (flexibilidade no método com estabilidade nos princípios).

Referências

  1. Al-Waqidi, Al-Maghazi, Vol. 2, p. 573
  2. Ibn Sa'd, Al-Tabaqat al-Kubra, Vol. 2, p. 95
  3. Tabataba'i, Al-Mizan, Vol. 16, p. 329
  4. Sayyid Qutb, Fi Zilal al-Qur'an, Vol. 6, p. 371
  5. Dinawari, Al-Akhbar al-Tiwal, p. 219
  6. Ya'qubi, Tarikh Ya'qubi, Vol. 2, p. 213
  7. Mas'udi, Muruj al-Dhahab, Vol. 3, p. 185
  8. Hurr Amili, Wasa'il al-Shi'a, Vol. 15, p. 53
  9. Nasr ibn Muzahim, Waq'at Siffin, p. 487
  10. Ja'farian, Hayat Fikri-Siyasi Imaman Shi'a, p. 173
  11. Shahid Sadr, Dirasat fi Wilayat al-Faqih, p. 245

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