A Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (ABNA) relata: Na rica cultura islâmica, o martírio não é um fim, mas um começo para a vida eterna e incontáveis graus espirituais. Nesse contexto, a elevada posição dos pais e mães de mártires sempre recebeu atenção especial em versículos e narrativas. Esta discussão, devido à sua profundidade espiritual e importância social, exige detalhamento e análise precisa de várias dimensões: jurídica, ética e social.
1. A Elevada Posição dos Pais e Mães de Mártires nas Palavras dos Imames Infallíveis (A.S.)
Os pais e mães de mártires, devido ao seu sacrifício incomparável e à dedicação de seus filhos no caminho de Deus, desfrutam de uma posição especial junto a Deus e aos Imames Infallíveis (A.S.). Eles não apenas suportam a dor da perda de seus filhos com paciência, mas também, com orgulho pelo martírio de seus entes queridos, alcançam a satisfação divina. Essa paciência e satisfação são consideradas um grau de jihad (luta) no caminho de Deus. Essa posição decorre da completa submissão à vontade divina e da oferta do que há de mais valioso no ser humano para a elevação da religião e dos valores divinos.
Imam Sadiq (A.S.) disse: "Quem sacrifica seus bens e filhos no caminho de Deus, Deus lhe concede uma recompensa imensa que nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu." (Kulayni, Kafi, vol. 5, p. 53, h. 2).
Esta narrativa expressa claramente a elevada posição daqueles que sacrificam seus filhos no caminho de Deus, o que inclui pais e mães de mártires. Essa recompensa transcende a imaginação humana e demonstra a graça infinita de Deus para com esses altruístas. Esse sacrifício não é apenas material, mas um sacrifício das mais profundas afeições humanas, que adquire um valor inestimável no domínio divino. Este hadith, ao enfatizar "bens e filhos", aponta para os mais altos níveis de sacrifício, pois os filhos são o fruto da vida e das aspirações dos pais, e sacrificá-los no caminho de Deus é o auge da devoção. Essa grande recompensa não se concretiza apenas na vida após a morte, mas também pode trazer bênçãos mundanas para as famílias dos mártires. Esta narrativa, embora se refira à posição do mártir, implicitamente denota a grandeza do sacrifício da família do mártir, pois esse sacrifício é o prelúdio do martírio do filho. Essa perspectiva, por si só, mostra a profundidade da visão islâmica sobre o papel da família na jihad e no martírio.
2. Bênçãos Mundanas e na Vida Após a Morte da Paciência dos Pais e Mães de Mártires
A paciência e a perseverança dos pais e mães de mártires diante da perda de um filho não apenas resultam em uma imensa recompensa na vida após a morte, mas também trazem bênçãos e efeitos positivos para suas vidas mundanas. Essa paciência não é apenas uma característica moral, mas uma força ativa capaz de gerar transformações positivas na vida do indivíduo e da sociedade. A paciência deles é uma inspiração para os outros e um exemplo de confiança e submissão à vontade divina.
Imam Ali (A.S.) disse: "A paciência é a chave para a solução de todo problema." (Tamimi Amidi, Ghurar al-Hikam wa Durar al-Kalim, p. 174, h. 3089). Esta preciosa declaração mostra como a paciência dos pais e mães de mártires pode resolver muitas de suas provações mundanas e espirituais. A calamidade da perda de um filho é um dos maiores e mais difíceis problemas da vida; mas a paciência facilita a superação dessa crise e pode levar à paz interior e à satisfação interna. Essa paciência não significa apenas suportar, mas também agir e buscar soluções sob a égide da confiança em Deus. Essa solução pode vir na forma de paz espiritual, apoio popular, ou até mesmo abertura em sustento, que são bênçãos divinas. Esta declaração luminosa do Comandante dos Fiéis (A.S.) esclarece bem como a paciência dos pais e mães de mártires pode ser a chave para muitas de suas provações mundanas e espirituais. A calamidade da perda de um filho é uma das maiores e mais difíceis calamidades que um ser humano pode enfrentar. A paciência diante dessa calamidade não só diminui sua intensidade, mas também prepara o caminho para receber a misericórdia e a abertura divina.
No Alcorão Sagrado está dito: "E, certamente, vos provaremos com algo de temor e fome e diminuição de bens e de vidas e de frutos; e alegrai os perseverantes, que, quando uma calamidade os atinge, dizem: 'Em verdade, somos de Allah e a Ele retornaremos.' Esses, sobre eles há salawaat de seu Senhor e misericórdia. E esses são os guiados." (Alcorão, Al-Baqarah: 155-157).
Esses versículos explicitamente mencionam a imensa recompensa dos pacientes diante das calamidades, incluindo a perda de vidas. Essas "salawaat" (bênçãos) e "misericórdia" divinas transcendem as concepções materiais e indicam a atenção especial de Deus para com essas pessoas. A frase "Inna lillahi wa inna ilayhi raji'un" (Em verdade, somos de Allah e a Ele retornaremos) expressa o auge da submissão e satisfação com o destino divino e leva à paz espiritual e a grandes recompensas espirituais. Esses versículos claramente expressam a bênção espiritual da paciência e também a bênção mundana, que é a "orientação".
Allameh Tabataba'i, em sua interpretação Al-Mizan, diz: "A paciência diante da calamidade leva o ser humano à posição de satisfação e submissão à vontade divina, que é uma das mais altas posições místicas." (Tabataba'i, Al-Mizan fi Tafsir al-Quran, vol. 1, p. 380). Essa posição não só traz paz aos pais e mães de mártires, mas também aumenta seus graus espirituais. A posição de satisfação é um estado em que o servo está contente com tudo o que Deus decretou para ele e não tem queixas. Essa satisfação leva à paz do coração e à tranquilidade da alma, que são as maiores bênçãos mundanas. Além disso, a elevação do status espiritual concede ao ser humano uma maior capacidade de compreender as verdades da existência e a proximidade divina, que é a fonte de todas as bênçãos. Allameh Tabataba'i, com a profundidade de sua visão filosófica e mística, enfatiza que essa paciência é o caminho para alcançar posições místicas mais elevadas. Essa posição não só traz paz aos pais e mães de mártires, mas também aumenta seus graus espirituais.
3. A Intercessão dos Pais e Mães de Mártires no Dia do Juízo
Uma das maiores honras mencionadas para os pais e mães de mártires é o direito à intercessão no Dia do Juízo. Em reconhecimento ao seu sacrifício incomparável, Deus lhes permite interceder por um número de seus parentes e amigos. Esse direito de intercessão é um sinal de sua elevada posição junto a Deus e é uma forma de compensação e recompensa por sacrificarem seus bens mais preciosos no caminho de Deus. Essa honra é valiosa não apenas para os próprios pais, mas também para seus parentes e entes queridos.
- O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: "O mártir intercederá por setenta de seus parentes." (Sheikh Saduq, Amali, p. 377, h. 4).
- Imam Khomeini (R.A.) disse em suas declarações: "Nossos mártires serão nossos intercessores no Dia do Juízo, e os pais e mães dos mártires também desfrutam desse direito de intercessão." (Sahifeh Imam, vol. 16, p. 22).
4. Respeito e Homenagem aos Pais e Mães de Mártires na Sociedade Islâmica
A sociedade islâmica tem o dever constante de homenagear e respeitar os pais e mães de mártires. Esse respeito não é apenas um dever moral e religioso, mas também um reconhecimento de seu sacrifício e dedicação na preservação dos valores islâmicos e nacionais. Homenageá-los é um sinal de gratidão da sociedade aos heróis e promotores da cultura do sacrifício, e contribui para a permanência dos valores do martírio na sociedade. Essa homenagem deve permear todos os aspectos da vida social, desde os níveis individuais até os institucionais e governamentais.
- O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: "Quem respeita um dos grandes líderes, me respeitou." (Kulayni, Kafi, vol. 2, p. 156, h. 2).
- Em muitas declarações do Líder Supremo, a necessidade de homenagear e servir as famílias dos mártires é enfatizada. Ele diz: "Encontrar-se com as famílias dos mártires é uma bênção e uma fonte de moral para as autoridades." (Declarações do Líder Supremo em encontro com as famílias dos mártires, 11/01/2007).
- Allameh Morteza Motahari em seu livro "Jihad" refere-se à posição especial do martírio e da família do mártir na sociedade, escrevendo: "O sangue do mártir é o protetor do Islã, e a família do mártir é a protetora desse sangue." (Motahari, Jihad, p. 45). Os pais e mães de mártires são algumas das pessoas mais honradas e respeitadas na sociedade islâmica, e respeitá-los é respeitar os valores islâmicos e a pessoa do Profeta (S.A.A.S.). Este hadith é um princípio ético geral que abrange todos os grandes líderes e aqueles que prestaram serviço ao Islã e à sociedade, e é ainda mais verdadeiro para as famílias dos mártires. Essas ênfases mostram a importância da atenção prática a esse segmento da sociedade e indicam que as autoridades devem considerar o encontro com essas famílias como uma de suas principais responsabilidades e buscar consolá-los. Essa declaração mostra o papel insubstituível da família do mártir na perpetuação dos valores islâmicos. Ser o "protetor desse sangue" significa salvaguardar os ideais e objetivos do mártir, uma responsabilidade que a família do mártir carrega com sua paciência e perseverança.
5. Deveres da Sociedade Islâmica para com os Pais e Mães de Mártires
Além do respeito e da homenagem, a sociedade islâmica tem vários deveres práticos para com os pais e mães de mártires. Esses deveres incluem apoio material e espiritual, cuidado com questões médicas e de bem-estar, e a preservação da memória de seus filhos mártires. Esses deveres não são apenas uma responsabilidade governamental, mas um dever coletivo que deve ser cumprido da melhor forma por todos os indivíduos e instituições da sociedade. Essas ações são um sinal de solidariedade social e gratidão por seu sacrifício, e ajudam a sustentar o espírito de sacrifício na sociedade.
- Na tradição dos Imames Infallíveis (A.S.), sempre houve ênfase em ajudar os necessitados e cuidar de seus assuntos. Isso se aplica, por excelência, às famílias dos mártires que sacrificaram seus bens mais preciosos no caminho de Deus. (Sheikh Hurr Ameli, Wasail al-Shia, vol. 16, p. 41, h. 20952).
- A Constituição da República Islâmica do Irã também enfatiza em vários artigos o apoio aos veteranos e às famílias dos mártires. Esse apoio inclui moradia, saúde e bem-estar, e emprego. (Constituição da República Islâmica do Irã, artigos 29 e 43).
- A preservação da memória dos mártires e a promoção da cultura do sacrifício e do martírio são algumas das responsabilidades mais importantes da sociedade islâmica. Isso não é apenas uma homenagem aos mártires, mas também inspira as gerações futuras a seguir o exemplo desses heróis nacionais e religiosos. (Sahifeh Imam, vol. 13, p. 53). Essa responsabilidade, por excelência, abrange as famílias dos mártires que dedicaram seus bens mais preciosos no caminho de Deus. (Sheikh Hurr Ameli, Wasail al-Shia, vol. 16, p. 41, h. 20952). Esse dever está enraizado nos princípios da justiça social e do apoio àqueles que fizeram sacrifícios incomparáveis pela preservação de valores humanos e religiosos elevados. Esses princípios legais especificam o aspecto prático e jurídico do dever da sociedade para com as famílias dos mártires e garantem o apoio necessário a eles. O governo e as instituições relevantes são obrigados a implementar esses princípios e fornecer as facilidades necessárias para uma vida digna para as famílias dos mártires. A preservação da memória dos mártires inclui a realização de cerimônias, a construção de memoriais, a produção de conteúdo cultural e artístico, e o ensino da vida e do caminho dos mártires em centros educacionais. Essas ações ajudam as futuras gerações a se familiarizarem com o sacrifício e a dedicação dos mártires e a continuarem seu caminho.
Fontes:
- Kulayni, Muhammad ibn Ya'qub. Kafi. Vol. 5. Qom: Dar al-Kutub al-Islamiyyah, 1362 HS.
- Ibn Majah, Muhammad ibn Yazid. Sunan Ibn Majah. Vol. 2. Beirute: Dar Ihya al-Turath al-Arabi, sem data.
- Jawadi Amoli, Abdullah. Tafsir Tasnim. Vol. 15. Qom: Nashr Esra, 1386 HS.
- Tamimi Amidi, Abd al-Wahid ibn Muhammad. Ghurar al-Hikam wa Durar al-Kalim. Qom: Dar al-Kitab al-Islami, 1410 AH.
- Tabataba'i, Sayyid Muhammad Husayn. Al-Mizan fi Tafsir al-Quran. Vol. 1. Qom: Jam'eh Modarresin, 1417 AH.
- Sheikh Saduq, Muhammad ibn Ali. Amali. Qom: Moassaseh al-Ba'thah, 1417 AH.
- Musavi Khomeini, Ruhollah. Sahifeh Imam. Vol. 16. Teerã: Moassaseh Tanzim va Nashr Asar Imam Khomeini (R.A.), 1378 HS.
- Majlesi, Muhammad Baqir. Bihar al-Anwar. Vol. 99. Beirute: Dar Ihya al-Turath al-Arabi, 1403 AH.
- Sheikh Hurr Ameli, Muhammad ibn Hasan. Wasail al-Shia. Vol. 16. Qom: Moassaseh Aal al-Bayt (A.S.) li Ihya al-Turath, 1409 AH.
- Constituição da República Islâmica do Irã. Motahari, Morteza. Jihad. Teerã: Entesharat Sadra, 1385 HS.
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