4 dezembro 2025 - 11:24
A Senhora Umm al-Banīn: A Voz das Mães da Resistência

Quando Bashīr ibn Judhlam chegou a Medina e deu a notícia do martírio do Imam Ḥusayn (A.S.), Umm al-Banīn perguntou: "Quais são as notícias de Ḥusayn?" Bashīr disse: "Que Deus prolongue sua vida." Umm al-Banīn insistiu: "Fale-me de Ḥusayn!" Quando Bashīr disse: "Ele foi sacrificado por Ḥusayn, ele se tornou um mártir," Umm al-Banīn respondeu: "Minhas costas foram quebradas! Todos os meus filhos e tudo o que está sob o céu são um sacrifício por Ḥusayn." Isso significa que a Sua prioridade era o Imam, e não os Seus filhos.

Abna Brasil: Na cultura xiita, o nome "Umm al-Banīn" (Mãe dos Filhos) não é apenas um nome histórico; é um modelo, uma escola, uma mentora do auto-aperfeiçoamento nos momentos mais difíceis da vida. Fāṭimah bint Ḥizām al-Kilābiyyah, que se tornou conhecida como "Umm al-Banīn" após se casar com o Imam Ali (A.S.), sacrificou Seus quatro filhos — Abbas, Abdullah, Jaʿfar e ʿUthmān — no caminho do Imam Ḥusayn (A.S.) e, após ʿĀshūrāʾ, viveu por 34 anos preservando a dignidade e a honra, tornando-Se a porta-estandarte das lamentações de Ḥusayn e elegias por Seus filhos e por Abā ʿAbdillāh.

Ao falarmos hoje das mães e esposas dos mártires do Eixo da Resistência— especialmente as mães e esposas que ofereceram Seus filhos e maridos na Guerra dos Doze Dias (a Operação "Promessa Verdadeira 2" e a pesada resposta iraniana à agressão do regime sionista na primavera e verão de 1404 S.H./2025 E.C.) — não podemos fechar os olhos para a incrível semelhança no comportamento, nas palavras e na conduta delas com Sua Santidade Umm al-Banīn.

Este artigo é um esforço para mostrar como aquela grande dama árabe, catorze séculos depois, continua sendo a mentora das mães e esposas dos mártires do Irã, Líbano, Iraque, Iêmen, Síria e Palestina; e como Sua paciência, discernimento (baṣīrah), dignidade (karāmah), coragem na fala e pudor no comportamento se manifestaram nessas mulheres.


A Senhora Umm al-Banīn: A Mãe dos Quatro Mártires de Carbalá

1. A Escolha Consciente do Martírio dos Filhos

Quando Umm al-Banīn se casou com o Comandante dos Crentes [Imam ʿAlī], Ela impôs a condição de não ser chamada de "Ummī" (Mãe) pelos filhos de Fāṭimah al-Zahrā (A.S.), para que a memória de Sua Santidade Fāṭimah não fosse ofuscada para os Seus filhos. Isso significa que, desde o primeiro dia, Ela Se considerava uma servidora da Liderança (Wilāyah) na Casa da Liderança, e não uma rival.

Quando o Imam Ḥusayn (A.S.) estava partindo para Carbalá, Seu filho, ʿAbbās (A.S.), disse à Sua mãe: "Minha mãe! Peço permissão para ir a Carbalá." Umm al-Banīn respondeu: "Vá, mas saiba que, se Ḥusayn (A.S.) for martirizado, você deve defender o santuário até a última gota de Seu sangue. Você deve ser o Porta-Estandarte de Ḥusayn, não apenas o Seu irmão." Esta frase significa que a mãe havia aceitado o martírio de todos os Seus filhos de antemão.

2. Após ʿĀshūrāʾ: Trinta e Quatro Anos de Lamentação

Todos os dias, Umm al-Banīn ia ao cemitério de al-Baqīʿ, sentava-se debaixo de uma árvore seca e recitava elegias por Seus quatro filhos e por Abā ʿAbdillāh [o Imam Ḥusayn]. O povo de Medina dizia: "A voz do choro de Umm al-Banīn é a mais alta de todas." Ela foi a primeira pessoa a realizar lamentações diárias e organizadas. Isso significa que a mãe do mártir, mesmo após o martírio do filho, não apenas não se calou, mas se tornou a porta-estandarte do despertar.

3. Dignidade (Karāmah) Diante da Notícia

Quando Bashīr ibn Judhlam chegou a Medina e deu a notícia do martírio do Imam Ḥusayn (A.S.), Umm al-Banīn perguntou: "Quais são as notícias de Ḥusayn?" Bashīr disse: "Que Deus prolongue sua vida." Umm al-Banīn insistiu: "Fale-me de Ḥusayn!" Quando Bashīr disse: "Ele foi sacrificado por Ḥusayn, ele se tornou um mártir," Umm al-Banīn respondeu: "Minhas costas foram quebradas! Todos os meus filhos e tudo o que está sob o céu são um sacrifício por Ḥusayn." Isso significa que a Sua prioridade era o Imam, e não os Seus filhos.


O Legado na Guerra dos Doze Dias

A Guerra dos Doze Dias foi um ponto de virada na história da Resistência. Após o assassinato do Mártir Ismāʿīl Haniyyah em Teerã e o ataque massivo do regime sionista a áreas residenciais no Líbano e no Irã, seguido pela resposta inédita de mísseis e drones do Irã na Operação "Promessa Verdadeira 2", milhares de forças da Resistência foram martirizadas em várias frentes.

Neste cenário, centenas de mães e esposas de mártires criaram cenas que surpreenderam a mídia mundial:

  • Mães que, no momento do funeral de Seus filhos, acompanhavam o caixão com sorrisos e com o dhikr (lembrança) de "Yā Ḥusayn" e "Labbayk Yā Zaynab";
  • Esposas que, em entrevistas ao vivo, falavam do Seu desejo de ter outro filho para também oferecê-lo no caminho da Resistência.

Se as mães se assemelhavam a Umm al-Banīn, as esposas dos mártires exibiam uma combinação da paciência de Zaynab (A.S.) e da dignidade de Umm al-Banīn.

1. A Esposa do Mártir ʿImād Mughnīyah (Líder Mártir do Hizbullah)

Uma senhora que, anos após o martírio do marido, continua a aparecer em público com completo ḥijāb e honra, e jamais se desviou do caminho da Resistência. Em uma entrevista, Ela disse: "Eu soube desde o primeiro dia que ʿImād nasceu para o martírio. Assim como Umm al-Banīn sabia que ʿAbbās nasceu para Carbalá."

2. A Esposa do Mártir Hādī (Um dos mártires recentes da Guerra dos Doze Dias no Sul do Líbano)

Esta jovem senhora, logo após o enterro do marido, disse em uma entrevista ao vivo: "Estou grávida de dois meses. Se for menino, eu o chamarei de ʿAbbās. Se for menina, eu a chamarei de Umm al-Banīn." Esta frase é uma repetição exata do que Umm al-Banīn disse quando voltou de Carbalá: "Não me chamem mais de Umm al-Banīn; eu não tenho mais filhos." Mas a esposa do Mártir Hādī, com orgulho, reviveu o nome de Umm al-Banīn.

Características Comuns

  1. Prioridade do Imam e da Liderança sobre o Filho e o Marido: Todas essas mães e esposas, ao falarem sobre o martírio de Seus entes queridos, falam primeiro sobre o Imam Ḥusayn, sobre o Líder da Revolução, sobre a causa da Palestina e sobre Ḥājj Qāsim [Soleimani], e só depois sobre Seus filhos e maridos.
  2. Alegria em Meio à Tristeza: Nenhuma delas chora em segredo. Todas acompanham o corpo dos mártires com sorrisos, ṣalawāt (saudações) e o slogan "Labbayk Yā Ḥusayn". Exatamente como Umm al-Banīn, que chorava em al-Baqīʿ, mas com dignidade e cabeça erguida.
  3. Educação da Próxima Geração para o Martírio: Quase todas essas mães e esposas enviaram outro filho para a frente de batalha ou declararam que estão prontas para oferecer o próximo filho também.
  4. Preservação do Ḥijāb e da Castidade no Auge da Fama: Embora muitas delas tenham se tornado figuras midiáticas, nenhuma sacrificou Seu ḥijāb e castidade pela fama. Esta é exatamente a dignidade (karāmah) de Umm al-Banīn, que manteve a Sua honra mesmo no auge da opressão.

A Senhora Umm al-Banīn: A Mentora das Mães e Esposas da Resistência

Hoje, nas escolas religiosas femininas (Ḥawzahs), nas assembleias religiosas (Hay’ats), nas reuniões de mães de mártires, o nome de Umm al-Banīn é repetido mais do que nunca. O livro "Mãe do Porta-Estandarte", escrito por Ḥujjat al-Islām Māndegārī, tornou-se um dos livros religiosos mais vendidos no Irã.

  • No Líbano, o Hizbullah estabeleceu um complexo cultural chamado "Majmaʿ Umm al-Banīn" dedicado às famílias dos mártires.
  • No Iêmen, o Anṣārullāh nomeou uma de Suas unidades femininas como "Katībat Umm al-Banīn" (Batalhão Umm al-Banīn).

Umm al-Banīn não é apenas uma figura histórica; Ela é um "Modelo", uma "Escola", uma "Mentora do Auto-Aperfeiçoamento". Ela nos ensinou como oferecer quatro filhos no caminho de Deus e ainda viver com a cabeça erguida e com dignidade.

As mães e esposas dos mártires da Guerra dos Doze Dias demonstraram que esta escola ainda está viva; que ainda existem mulheres dispostas a dar todos os Seus bens no caminho de Deus e ainda sorrir e dizer: "Se eu tivesse mil filhos, eu os sacrificaria todos pelo Islã."

Elas são as continuadoras do caminho de Umm al-Banīn; e Umm al-Banīn, no Paraíso, se orgulha destas mães e esposas e diz: "Vocês são minhas verdadeiras filhas."

Assalamu ʿalayki, yā Fāṭimah bint Ḥizām. Assalamu ʿalayki, yā Umm-ahāt ash-Shuhadāʾ wa Zawjāt ash-Shuhadāʾ. Assalamu ʿalaykum wa Raḥmatullāhi wa Barākātuh.

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