6 setembro 2025 - 11:13
A Diferença entre Empatia e Simpatia na Redução de Danos Psicológicos

A empatia envolve a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa, o que leva o indivíduo em sofrimento a se sentir compreendido, validado e fortalecido. A simpatia, por outro lado, é apenas um sentimento de pena ou compaixão, que pode ser acompanhado de condescendência e julgamento, e, em vez de diminuir, pode, por vezes, intensificar os danos psicológicos. Portanto, a empatia, ao criar uma conexão profunda e livre de julgamentos, atua de forma mais eficaz na redução do sofrimento.

De acordo com a Agência Internacional de Notícias Ahl al-Bayt (a.s.) - Abna: É crucial entender a diferença entre empatia e simpatia na redução de danos psicológicos, pois cada uma delas tem uma abordagem diferente do sofrimento do outro e leva a resultados distintos. A empatia costuma ser muito mais eficaz na redução de danos psicológicos do que a simpatia. A seguir, explicamos o porquê:


Empatia (Empathy)

A empatia é a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de outra pessoa; ou seja, colocar-se no lugar dela, ver o mundo a partir da sua perspectiva e vivenciar suas emoções a partir de seu ponto de vista, sem se deixar afogar no seu sofrimento. Na empatia, a pessoa diz à outra: "Eu estou contigo, eu entendo o que estás a sentir."

Alcorão, Sura Ar-Rum, versículo 21:

  • "E, dentre os Seus sinais, está o de Ele ter criado, para vós, vossas companheiras, de vós mesmos, para que nelas vos reconforteis, e Ele estabeleceu entre vós afeição e misericórdia. Por certo que nisto há sinais para um povo que reflete."

Este versículo estabelece a base da relação no "afeto" (amor ativo, amizade profunda, desejo de proximidade e expressão de carinho) e na "misericórdia" (compaixão, bondade, perdão e profunda solidariedade com ação). O "afeto" (مودت), no seu sentido mais verdadeiro, é a empatia na prática: significa não apenas compreender o sofrimento do outro, mas agir para aliviá-lo ou amenizá-lo e lhe proporcionar paz (لتسکنوا الیها).

Por que a Empatia é Mais Eficaz:

  • Cria uma sensação de compreensão e validação da experiência:
    • Reduz a solidão: Quando alguém recebe empatia, não se sente sozinho ou isolado. Compreende que seus sentimentos são normais e que alguém o entende. Ser compreendido alivia um fardo pesado de seus ombros.
    • Validação: A empatia ajuda o indivíduo a validar seus sentimentos. Em vez de pensar "eu não deveria me sentir assim" ou "estou a ficar louco," ele entende que suas reações naquela situação são compreensíveis. Essa validação é essencial para o processamento de traumas psicológicos.
  • Promove uma conexão mais profunda e confiança:
    • Fortalece o vínculo: A empatia cria uma ponte emocional profunda entre as pessoas. Quando alguém sente que é genuinamente compreendido, a confiança é conquistada, tornando-o mais propenso a mostrar suas vulnerabilidades e a falar sobre suas experiências. Essa confiança é vital para o processo de cura.
    • Espaço seguro: A empatia proporciona um espaço seguro para expressar sentimentos, sem o medo de julgamentos, conselhos precipitados ou de que a dor seja minimizada.

Alcorão, Sura Al-Hujurat, versículo 12:

  • "Ó vós que credes, evitai muitas das conjecturas, porque algumas são pecado; não vos espieis, nem vos difameis. Porventura, algum de vós gostaria de comer a carne do seu irmão morto? Certamente o odiaria. Temei a Deus, porque Deus é Remissório, Misericordiosíssimo."

Este versículo proíbe a suspeita, a espionagem e a difamação. A raiz de muitos traumas psicológicos é o sentimento de ser julgado, incompreendido e envergonhado.

  • Capacita e dá poder:
    • Participação na solução: Empatia não significa dar soluções, mas sim estar presente e compreender. Essa presença e compreensão dão à pessoa a oportunidade de encontrar suas próprias soluções ou, pelo menos, sentir que é capaz de superar a crise, pois não está sozinha.
    • Restabelece o senso de controle: Traumas psicológicos costumam vir com a sensação de perda de controle. A empatia ajuda a pessoa a recuperar parte desse controle, pois ela pode escolher como compartilhar seus sentimentos e ser ativa em seu próprio processo de cura.

Alcorão, Sura Al-Baqarah, versículo 153:

  • "Ó vós que credes, socorrei-vos na perseverança e na oração. Por certo que Deus está com os perseverantes."

O Alcorão aconselha o ser humano a buscar ajuda na paciência e na oração (a conexão com Deus) diante do sofrimento.


Simpatia (Sympathy)

A simpatia refere-se mais a um sentimento de pena ou compaixão pelo sofrimento de outra pessoa. Na simpatia, alguém diz ao outro: "Sinto muito por ti" ou "Oh, que triste." A simpatia geralmente mantém uma distância entre quem sente a pena e a pessoa em sofrimento, e por vezes pode vir acompanhada de um sentimento de superioridade ou condescendência.

Por que a Simpatia é Menos Eficaz (e às vezes prejudicial):

  • Cria uma sensação de pena:
    • Desempoderamento: A pessoa em sofrimento pode sentir que está a ser vítima de pena, não de compreensão. Isso pode fazê-la sentir-se mais fraca e diminuir a sua autoestima.
    • Aumento do isolamento: A pena, por vezes, cria distância, porque, em vez de caminhar ao lado da pessoa, você a olha de cima e sente pena dela. Isso pode fazer com que a pessoa se sinta ainda mais sozinha.
  • Não cria uma conexão profunda: A simpatia geralmente não leva a uma conexão profunda e a uma troca emocional. A pessoa que sente pena apenas reconhece a situação, mas não tenta entrar no mundo emocional do outro.
  • Sentimento de incompreensão e julgamento: A simpatia, por vezes, é acompanhada por frases como "eu sei como te sentes" (mesmo sem saber de verdade) ou "deve haver uma razão para isso", o que pode fazer com que a pessoa se sinta incompreendida ou até julgada.
  • Foco no "eu" em vez do "tu": Frases como "eu sinto muito" são mais sobre os sentimentos da pessoa que sente a pena do que sobre a experiência da pessoa em sofrimento. A empatia, por outro lado, foca-se na experiência do "tu".

Exemplo para Esclarecer a Diferença:

  • Pessoa em sofrimento: "Fui despedido do meu emprego e sinto que a minha vida acabou."
  • Simpatia: "Oh, lamento muito. É tão triste. Espero que as coisas melhorem." (Estas frases criam distância e não compreendem a profundidade do sentimento.)
  • Empatia: (Com um tom calmo e atenção total) "Nossa, deve ser muito difícil. Parece que o teu mundo desabou. Eu entendo o quão desesperado podes estar a sentir-te agora." (Aqui, você nomeia e valida os sentimentos da pessoa, demonstrando compreensão.)

Na redução de danos psicológicos, a empatia é muito mais eficaz do que a simpatia, pois cria uma sensação de compreensão, validação emocional, fortalece a conexão e a confiança, e capacita a pessoa em sofrimento. A simpatia pode levar apenas a uma pena superficial e, por vezes, causar mais sentimentos de piedade e isolamento na pessoa. Para ajudar verdadeiramente alguém que sofreu danos psicológicos, devemos cultivar a nossa capacidade de empatia e, em vez de dizer "sinto muito", devemos tentar dizer "eu entendo e estou contigo."

Portanto, a empatia, na perspetiva do Alcorão, é muito mais do que um sentimento passageiro de pena. É uma maneira ativa de ser e interagir que se baseia em:

  • Afeto e Misericórdia Práticos: Não apenas compreender o sofrimento, mas esforçar-se para aliviá-lo e proporcionar calma.
  • Não Julgamento e Preservação da Dignidade: Criar um espaço seguro para expressar a dor sem o medo de suspeitas e difamação.
  • Respeito pela Dignidade Intrínseca do Ser Humano: Ajudar e compreender a partir de uma posição de igualdade e respeito, não de piedade.
  • Capacitação e Confiança Divina: Guiar a pessoa para as fontes de força interior e divina para superar a crise.

Este tipo de empatia profunda, enraizada nos ensinamentos do Alcorão, dá ao indivíduo em sofrimento uma profunda sensação de ser compreendido, de validação da sua experiência, de segurança psicológica e de capacitação. Estes são os fatores que reduzem os danos psicológicos de forma muito mais eficaz do que a mera "simpatia" superficial, e preparam o terreno para a cura e o crescimento. Na verdade, o Alcorão ensina-nos a absorver o sofrimento do outro e a estar com ele como parte do nosso próprio ser.

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