9 dezembro 2025 - 12:33
"resolver os Problemas dos Crentes: Um Caminho para a Paz Eterna"

O Imam Ridha (a.s.) afirmou que todo aquele que remover a aflição de um crente, Deus removerá a aflição do seu coração no Dia da Ressurreição. Este hadith possui raízes nos ensinamentos corânicos acerca da fraternidade, empatia e recompensa divina, e abrange a solução de dificuldades materiais, espirituais e práticas. Desatar os nós das dificuldades com intenção sincera não apenas traz tranquilidade e bênçãos ao indivíduo e à sociedade, mas também garante a paz eterna na outra vida.

Abna Brasil: Na escola formadora do ser humano – o Islã –, ajudar o próximo e aliviar as dificuldades dos fiéis possui um lugar ímpar. Tal ação não apenas gera serenidade e bênçãos nesta vida, mas também concede uma grandiosa recompensa na outra. O Imam Ridha (a.s.), Zâmen-ul-Ahû e sábio da Casa do Profeta Muhammad (s.a.w.), em um hadith luminoso afirma:

«Man farraja ‘an mu’min farrajallâhu ‘an qalbihi yawmal-qiyâmah.»[1]
(Aquele que aliviar a aflição de um crente, Deus aliviará a aflição do seu coração no Dia da Ressurreição.)

Este hadith sagrado é manifestação da misericórdia e ternura divina, conduzindo os servos rumo à empatia, altruísmo e remoção das dificuldades alheias. Tal orientação vital possui raízes profundas nos ensinamentos do Alcorão Sagrado, que a seguir abordamos.


1. Empatia e Solidariedade na Comunidade de Fé: o Fundamento Corânico de “Desatar Nós”

O Islã é a religião da fraternidade. O Alcorão Sagrado convoca repetidamente os fiéis à unidade, empatia e auxílio mútuo. Quando um crente enfrenta dificuldade, é dever dos demais apressarem-se em ajudá-lo. Esse sentimento de solidariedade e corresponsabilidade constitui a espinha dorsal da sociedade islâmica, impedindo que alguém permaneça sozinho em meio à adversidade.

Desatar os nós das dificuldades dos fiéis não é apenas caridade; é a manifestação prática da fé e da fraternidade.

«Innamal-mu’minûna ikhwatun fa-asliḥû bayna akhawaykum, wattaqûllâha la‘allakum turḥamûn.»[2]
(Os fiéis são, na verdade, irmãos; portanto, restabelecei a paz entre vossos irmãos e temei a Deus para que sejais agraciados com misericórdia.)

Este versículo estabelece o princípio da irmandade imanente, que naturalmente exige apoio, auxílio e resolução das dificuldades uns dos outros.


2. Recompensa Terrena e Celestial: Reflexo da Justiça Divina

O hadith do Imam Ridha (a.s.) afirma claramente a recompensa eterna: remover a aflição de um fiel garante que Deus removerá a aflição de seu coração no Dia do Juízo.

Tal recompensa expressa a justiça e o favor divinos. Assim como alguém reduz na terra a angústia do irmão crente, Deus reduzirá a sua angústia naquele Dia temível. Essa promessa não é pequena; é garantia de paz eterna.

Além disso, desatar nós nesta vida traz paz interior e bênçãos ao próprio benfeitor.

«Man dhalladhî yuqriḍullâha qarḍan ḥasanan fa-yuḍā‘ifahu lahu wa lahu ajrun karîm.»[3]
(Quem oferecer a Deus um empréstimo generoso, Deus o multiplicará muitas vezes; e ele terá uma recompensa grandiosa.)

Embora o versículo mencione “empréstimo generoso”, o conceito abrange toda forma de auxílio – material ou imaterial – oferecido aos necessitados e fiéis. A promessa de “ajr karîm” (recompensa preciosa) inclui, naturalmente, a remoção da aflição no Dia da Ressurreição.


3. O Conceito de “Faraj” e Suas Dimensões: Do Socorro Material ao Alívio Espiritual

A palavra «faraj» significa abertura, alívio, remoção de angústia e solução de dificuldades.
Este conceito é amplo e abrange:

• Socorro material: auxílio financeiro, pagamento de dívidas, suprir necessidades essenciais.
• Socorro emocional e espiritual: consolar, ouvir, dar esperança, reduzir a ansiedade.
• Socorro intelectual e prático: orientar, aconselhar, oferecer caminhos para resolver problemas.
• Intermediação justa: defender o oprimido, conciliar conflitos.

Cada uma dessas ações é uma forma de faraj, isto é, remover o peso da dor do crente e fazê-lo sentir-se apoiado e amparado.

«Wa ta‘āwanû ‘alal-birri wat-taqwâ wa lâ ta‘āwanû ‘alal-ithmi wal-‘udwân...»[4]
(E cooperai na virtude e na piedade, e não coopereis no pecado e na agressão…)

O versículo incorpora todas as formas de desatar nós quando voltadas ao bem comum e à retidão.


4. Impactos Individuais e Sociais: Um Ciclo de Misericórdia

Desatar nós inaugura um ciclo de misericórdia e bênção na sociedade.
Quem recebe o alívio sente esperança e paz, e futuramente poderá também ajudar outros.
Isso aumenta a confiança social, fortalece a amizade e reduz tensões psicológicas.

O benfeitor, por sua vez, purifica o coração do egoísmo e se aproxima das virtudes éticas — um aspecto de autoconstrução espiritual.

«Wa mâ tunfiqû min khayrin fa-li-anfusikum… wa mâ tunfiqû min khayrin yuwaffa ilaykum wa antum lâ tuẓlamûn.»[5]
(E qualquer bem que fizerdes, é para vós mesmos; e tudo o que fizerdes será devolvido integralmente a vós…)

Um dos retornos anunciados é justamente a ausência de aflição na Ressurreição.


5. A Importância da Intenção Sincera: A Pureza no Ato

Como em todas as ações virtuosas no Islã, a intenção pura é fundamental.
Desatar nós deve ser realizado exclusivamente buscando o agrado de Deus, não prestígio, elogios ou vantagens mundanas.

A sinceridade multiplica o valor da ação e garante sua recompensa eterna.

«Wa mathalul-laḏhîna yunfiqûna amwālahum ibtighā’a marḍātillāh…»[6]
(O exemplo dos que gastam seus bens buscando a complacência de Deus é como o de um jardim em terreno elevado, que ao receber forte chuva produz frutos em dobro…)

A ênfase em «ibtighā’a marḍātillāh» (buscar a satisfação de Deus) mostra o papel central da pureza de intenção.


Conclusão

O hadith do Imam Ridha (a.s.) é um dos ensinamentos mais sublimes e profundos sobre ética social e espiritualidade. Com base nos princípios corânicos de empatia, irmandade, justiça divina e recompensa eterna, ele orienta os muçulmanos a aliviar as dificuldades uns dos outros.

Ao compreender profundamente este ensinamento e praticá-lo, alcançamos tanto a felicidade eterna quanto a construção de uma sociedade repleta de misericórdia, serenidade e solidariedade.

Na verdade, desatar os nós das dificuldades dos fiéis é um investimento para a paz eterna e a expressão viva da fé no cotidiano.


Referências

[1] Kāfî, vol.2, p.200
[2] Surah Ḥujurāt, 10
[3] Surah Ḥadîd, 11
[4] Surah Mā’idah, 2
[5] Surah Baqarah, 272
[6] Surah Baqarah, 265

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