ABNA Brasil: O Mensageiro de Deus ﷺ apresentou o remédio para todos esses males. Ele disse:
“Querem que eu diga qual é a sua doença e qual é o seu tratamento? A doença de vocês são os pecados; e o tratamento de vocês é o istighfar (pedido de perdão).” (1)
Istighfar, no sentido linguístico, vem da raiz ghafara, que significa “cobrir” e “ocultar”; e, por outro lado, significa pedir perdão a Deus pelos pecados.
Ao analisar os versículos do Alcorão e as tradições, fica claro que ninguém está excluído do arrependimento e do istighfar. Não apenas os pecadores, mas também os crentes, e até mesmo os Imames e os Profetas, são incumbidos do istighfar. A medida e a forma do istighfar diferem de pessoa para pessoa: o infalível faz istighfar para se manter afastado do pecado, e os demais o fazem para se purificar de seus pecados.
A relação entre o pecado e o arrependimento
Do ponto de vista do Alcorão, muitas das calamidades e aflições mundanas do ser humano têm relação direta com suas próprias ações e pecados. O Alcorão, em diversos versículos, enfatiza que as dificuldades, problemas e crises que o ser humano enfrenta são, muitas vezes, resultado de comportamentos reprováveis e pecados que ele mesmo cometeu. Um dos versículos mais claros a esse respeito é o versículo 30 da Surata Ash-Shurā:
وَمَا أَصَابَكُمْ مِنْ مُصِيبَةٍ فَبِمَا كَسَبَتْ أَيْدِيكُمْ وَيَعْفُو عَنْ كَثِيرٍ
Esse versículo afirma claramente que muitos sofrimentos e calamidades das pessoas são consequência direta de suas próprias ações, embora Deus seja perdoador e perdoe muitos pecados.
O Imam Ja‘far As-Sadiq (a) disse:
“Todo vaso que se rompe, toda calamidade que ocorre, toda dor de cabeça ou enfermidade que atinge uma pessoa é por causa dos pecados cometidos. Pois Deus, no Alcorão Sagrado, diz:
وَمَا أَصَابَكُم مِّن مُّصِيبَةٍ فَبِمَا كَسَبَتْ أَيْدِيكُمْ وَيَعْفُو عَن كَثِيرٍ.
Em seguida, o Imam disse: Aquilo que Deus perdoa é muito mais do que aquilo pelo qual Ele castiga.” (2)
Por isso, os Imames infalíveis (a) nos ensinaram diferentes formas de fazer istighfar. Uma delas é dizer setenta vezes “Astaghfirullāha wa atūbu ilayh” após a oração do ‘Asr. Esse istighfar no meio do dia tem dois benefícios: primeiro, pedimos perdão pelos pecados cometidos desde a manhã; segundo, cuidamos para não cometer pecados do meio-dia em diante.
Portanto, o problema principal somos nós mesmos. Cada vez que cometemos um erro — inveja, rancor, injustiça, mentira, consumo de bens ilícitos, desrespeito aos pais ou até pequenos erros cotidianos — isso tem efeitos claros sobre nossa alma, nossa mente e nossa vida. Na verdade, o pecado tem efeitos consequentes; isto é, muitos pecados têm uma retribuição já neste mundo. Por isso somos acometidos por doenças, pobreza, falta de bênção nos bens, não aceitação das súplicas, dívidas, etc.
Na súplica de Kumayl, pedimos a Deus que nos proteja dos pecados que:
trazem castigo, retiram as bênçãos, deixam nossas orações sem resposta e trazem calamidades e problemas para nossa vida.
Em termos simples, pedimos a Deus que afaste de nós os pecados que ameaçam nossa tranquilidade, nosso sucesso e nossa boa vida. Isso significa o reflexo de nossos pecados em todos os aspectos da nossa existência.
Os efeitos do istighfar nas tradições
Em muitas tradições, somos exortados ao istighfar, pois ele remove muitos dos problemas humanos. O Profeta (s) e os Imames infalíveis (a) apresentaram o istighfar como causa do aumento do sustento e da provisão e da eliminação da pobreza (3), da resolução de problemas (4), do afastamento da tristeza e da angústia (5), do derramamento das bênçãos celestiais (Hūd, 52), da remoção das calamidades e do castigo (6), da aceitação das súplicas, do nascimento de filhos (7), do aumento do conhecimento (8), da quitação de dívidas e encargos financeiros (9), e da descida da chuva de misericórdia e da salvação da seca (Hūd, 52).
Os efeitos do pecado e do arrependimento sobre o espírito
O xeique Abbas Tabrizian escreve em seu livro:
“Um cientista japonês comprovou, em seus experimentos, o efeito das palavras sobre a água. Quando ele pronunciava palavras negativas sobre a água, depois a congelava e fotografava suas moléculas, percebia que as moléculas ficavam feias. E quando pronunciava palavras positivas sobre a água, depois a congelava e fotografava suas moléculas, percebia que elas ficavam belas.” (10)
O professor Tabrizian continua em seu livro:
“Um instituto de medição de energia dos Estados Unidos entrou em contato comigo e disse que tratamos com os nomes de Deus. Ele dizia que orientamos o paciente a repetir, por 10 a 20 minutos, os nomes de Deus, como por exemplo: Karīm, Rahīm, Rahmān, e, ao mesmo tempo, conectamos um aparelho de medição de energia ao paciente.
Dessa forma, percebemos que cada nome atua sobre uma parte específica do corpo: um nome atua sobre o coração, outro sobre os rins, outro sobre o fígado, outro sobre as pernas.” (11)
Assim, o pecado, que cria escuridão e opacidade na alma e no espírito, com o istighfar e o pedido de perdão a Deus, dá lugar ao frescor e à luz.
O que fazer para se arrepender?
Arrepender-se não é algo muito difícil; basta observar alguns pontos:
- Arrependa-se imediatamente: assim que cometer um pecado, não espere por um momento especial. Separe imediatamente alguns minutos para ficar a sós com Deus, peça desculpas pelo erro cometido e purifique seu coração e sua alma. Se o arrependimento for adiado, a alma se torna endurecida. Além disso, não há garantia de que você estará vivo até um momento específico para se arrepender.
- Não repetir o pecado: após o arrependimento, cuide para não voltar a cometer aquele pecado.
- Setenta vezes de istighfar: seja constante em fazer setenta vezes de istighfar após a oração do ‘Asr, pois isso tem muitos efeitos.
- Cumprir os direitos das pessoas (ḥaqq an-nās): após o arrependimento, atente para o fato de que é necessário restituir os direitos das pessoas; o arrependimento, por si só, não é suficiente.
- Escolher boas companhias: procure se relacionar com amigos que o incentivem ao bem e o afastem do pecado. Satanás tenta levar o ser humano ao pecado, e um bom amigo é um bom companheiro para se manter distante dele.
Conclusão
O istighfar é uma solução prática e real para a vida atual.
Dores que não conseguimos explicar são, muitas vezes, resultado dos efeitos do pecado sobre nossa alma e nosso corpo. Enfrentar os erros e purificá-los por meio do istighfar acalma a mente e o espírito; e essa tranquilidade espiritual e psicológica se transfere para a vida cotidiana e até para o corpo, gerando nova energia.
Se hoje você se sente cansado, ansioso ou sem energia, e está envolvido em problemas, tristeza e pobreza, lembre-se da tradição do Mensageiro de Deus ﷺ: olhe para dentro de si, reconheça seus erros, faça istighfar e escolha novamente o caminho correto.
Notas:
- At-Targhīb wa at-Tarhīb, vol. 2, p. 468
- Wasā’il ash-Shī‘a, vol. 15, p. 299
- Kanz al-Fawā’id, vol. 2, p. 197
- Makārim al-Akhlāq, p. 328
- Al-Kāfī, vol. 8, p. 93
- Mustadrak al-Wasā’il, vol. 5, p. 318
- Makārim al-Akhlāq, p. 226
- Miṣbāḥ al-Kaf‘amī, p. 63
- Ad-Da‘awāt, p. 31
- Dirāsah fī Ṭibb ar-Rasūl al-Muṣṭafā, Abbas Tabrizian, vol. 2
- Dirāsah fī Ṭibb ar-Rasūl al-Muṣṭafā, Abbas Tabrizian, vol. 2
Your Comment