ABNA Brasil: O sermão nº 27 do Nahj al-Balāgha é um dos mais conhecidos sermões do Imam Ali (a.s.) e é reconhecido nas fontes narrativas como o “Sermão do Jihad”. Esse sermão foi transmitido em mais de dez obras anteriores a Sayyid al-Raḍī, entre elas: Al-Kāfī, do falecido al-Kulaynī; Al-Bayān wa at-Tabyīn, do falecido al-Jāḥiẓ; ‘Uyūn al-Akhbār, de Ibn Qutaybah; Al-Ghārāt, de ath-Thaqafī; e Al-Aghānī, de Abū al-Faraj al-Iṣfahānī. Outras fontes narrativas também transmitiram esse hadith por cerca de quarenta cadeias de transmissão, tanto de obras anteriores quanto posteriores à compilação do Nahj al-Balāgha.
Embora esse sermão tenha sido proferido após o ataque à cidade de Hīt, uma das localidades sob o governo do Imam Ali (a.s.), e em razão da negligência da população em enfrentar os inimigos — podendo, portanto, ser analisado como um acontecimento histórico —, as palavras do Imam (a.s.), nas quais Ele expõe os resultados do jihad e da resistência e os males da submissão, possuem um caráter que transcende tempo e espaço e são aplicáveis e válidas em todas as épocas.
É evidente que o significado de jihad abrange tanto o “jihad contra a própria alma” quanto o jihad e o enfrentamento dos “inimigos da religião e da justiça”, e que os efeitos mencionados para o jihad incluem ambos os aspectos. No entanto, o objetivo deste texto é analisar o jihad exclusivamente no sentido de enfrentamento dos inimigos da religião e da justiça.
No início deste sermão, o Imam Ali (a.s.) menciona cinco atributos do jihad:
«فَاِنَّ الْجِهادَ بابٌ مِنْ اَبْوابِ الْجَنَّةِ، فَتَحَهُ اللّهُ لِخاصَّةِ اَوْلِیائِهِ وَ هُوَ لِباسُ التَّقْوی وَ دِرْعُ اللّهِ الْحَصینَةُ وَ جُنَّتُهُ الْوَثیقَةُ»
Ou seja: O jihad é uma das portas do Paraíso, que Deus abriu para Seus servos eleitos; ele é a veste da piedade, a armadura sólida e o escudo seguro de Deus.
A ênfase do Imam Ali (a.s.) nos aspectos defensivos do jihad demonstra que, no Islã, o jihad é considerado, por natureza, um ato defensivo, exceto em casos específicos e extremamente raros, nos quais se recorre ao jihad ofensivo para eliminar a opressão contra determinado grupo — um tipo de combate que também pode ser entendido como uma forma de jihad defensivo.
Na segunda parte deste sermão, o Imam Ali (a.s.) descreve os males de abandonar a resistência e se submeter ao inimigo:
«فَمَنْ تَرَکَهُ رَغْبَةً عَنْهُ اَلْبَسَهُ اللّهُ ثَوْبَ الذُّلِّ وَ شَمْلَةَ الْبَلاءِ وَ دُیِّثَ بِالصَّغارِ وَ الْقَماءَةِ وَ ضُرِبَ عَلی قَلْبِهِ بِالْإِسْهابِ وَ اُدیلَ الْحَقُّ مِنْهُ بِتَضْییعِ الْجِهادِ وَ سیمَ الْخَسْفَ وَ مُنِعَ النِّصْفَ»
Ou seja: Aquele que abandona o jihad por indiferença será vestido por Deus com a roupa da humilhação, será envolvido pela calamidade, afligido pela vileza, pela degradação e pela baixeza; seu coração será coberto por véus de ignorância, a verdade lhe será retirada como consequência do abandono do jihad, e ele será condenado à humilhação e privado da justiça.
Nesta parte, o Imam (a.s.) apresenta oito calamidades que atingem aqueles que abandonam a resistência e o jihad e optam pela conciliação e pela submissão. A comparação entre as frases iniciais do sermão, que tratam dos efeitos do jihad e da resistência, e os trechos posteriores, que abordam os males da conciliação e da rendição, recorda a conhecida afirmação do Líder Supremo:
“A resistência tem um custo, mas o custo da conciliação e da submissão é, de longe, muito maior do que o custo da resistência.”
Sayyid Ali-Asghar Hosseini / ABNA
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