Segundo a Agência Internacional de Notícias Ahl al-Bayt (A.S.) – ABNA, as mídias digitais e as redes sociais se tornaram uma parte inseparável da vida humana em nossos tempos. Elas constituem um espaço que oferece tanto valiosas oportunidades para o crescimento e a conscientização, quanto sérias ameaças às crenças religiosas e espirituais. Nessa situação, a pergunta fundamental é: como fortalecer a fé em meio a esse vasto volume de informações e interações, e como evitar cair na armadilha da desatenção, da dúvida e da superficialidade?
Especialistas religiosos acreditam que o primeiro passo é compreender corretamente os desafios existentes. Com um bombardeio de informações constante, as mídias digitais sobrecarregam a mente dos usuários com uma enorme quantidade de dados dispersos e, por vezes, contraditórios. Nesse ambiente, as dúvidas doutrinárias se espalham rapidamente, causando sérias perguntas e incertezas em muitos jovens. Além disso, a atração interminável por entretenimento e conteúdo consumista afasta as pessoas da lembrança de Deus e da espiritualidade, diminuindo as oportunidades de retiro espiritual pessoal. O aumento do individualismo e do isolamento decorrente do uso excessivo das mídias sociais também enfraquece as experiências espirituais coletivas, como a presença em mesquitas, a oração em congregação e a participação em reuniões religiosas.
Apesar de tudo isso, as mídias digitais não devem ser vistas apenas como uma ameaça. Se bem gerenciadas, elas oferecem um potencial sem precedentes para fortalecer a fé.
Não se deve esquecer que essas mesmas mídias digitais tornaram possível que milhões de usuários tenham acesso ao Alcorão, aos ditos do Profeta (Hadith), a livros islâmicos autênticos e às obras de grandes figuras religiosas com apenas alguns cliques. As redes sociais também podem servir como uma plataforma para a conexão entre crentes em todo o mundo, criando grupos de fé e conhecimento. A produção de conteúdo criativo, como vídeos curtos, podcasts religiosos, animações educativas e até mesmo jogos digitais com uma abordagem pedagógica, são oportunidades que podem transmitir conceitos religiosos a uma nova geração de forma fresca e atraente.
Para fortalecer a fé neste cenário, são necessárias soluções em vários níveis. No nível individual, aprimorar a literacia midiática e a capacidade de distinguir o conteúdo correto do incorreto é de suma importância. Os usuários devem gerenciar seu tempo online e dedicar uma parte do seu dia à oração, à recitação do Alcorão, ao estudo de obras religiosas e à participação em comunidades de fé. Fazer escolhas conscientes de seguir páginas e canais religiosos confiáveis e substituir parte do entretenimento que causa distração por conteúdo espiritual também pode ser eficaz.
As famílias também têm um papel fundamental neste caminho. Criar um ambiente saudável, guiar os filhos para conteúdos úteis, substituir parte do tempo digital por reuniões familiares e sessões de súplica, e promover discussões sobre o conhecimento religioso em casa podem transformar o núcleo familiar em um local para o fortalecimento da fé.
No nível social e institucional, a responsabilidade é pesada para as mídias religiosas e culturais. Produzir conteúdo atraente e adaptado ao gosto da geração jovem, dar respostas precisas e atualizadas às dúvidas, usar a linguagem da arte e a criatividade midiática para promover os ensinamentos do Alcorão e dos Ahl al-Bayt, e apresentar modelos religiosos em novos formatos, são algumas das tarefas que podem tornar a fé mais sólida na sociedade.
Em conclusão, embora a era da comunicação e das mídias digitais traga muitas ameaças à fé, ela também pode se tornar uma plataforma sem igual para a expansão e o aprofundamento das crenças religiosas. A condição para que isso aconteça é ter uma visão inteligente e proativa sobre a mídia, aproveitar suas oportunidades e evitar a distração e a passividade. Em tal ambiente, a fé não só pode ser preservada, mas pode se tornar mais dinâmica, profunda e global do que nunca.
Elnaz Mousavi Yekta Pesquisadora em Mídia e Estudante da Universidade de Al-Zahra (S.A.)
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