20 agosto 2025 - 11:37
Opressão Digital: Colonialismo Oculto no Mundo Inteligente

Não se pode mais ver a opressão apenas no campo de batalha ou nas relações econômicas. Hoje, os dominadores globais, com ferramentas digitais, arrastaram as nações para um colonialismo oculto; um colonialismo da mente, da cultura e das crenças. Diante dessa nova tirania, o Islã oferece caminhos claros e eternos para que os crentes despertem e resistam.

De acordo com a Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (a.s.) - Abna: Hujjat al-Islam wa al-Muslimin Mohammad Hossein Amin, escritor e pesquisador religioso, em um artigo exclusivo para a Abna, examina "a natureza da opressão digital como a nova face da tirania global e a responsabilidade dos crentes em combatê-la, com base nos ensinamentos islâmicos e na visão da escola do AhlulBayt (a.s.)".

Opressão Digital: A Nova Face da Tirania

Ao longo da história, os dominadores sempre criaram novas formas de ferramentas para perpetuar sua opressão. Houve um tempo em que a espada, a armadura e a frota naval eram símbolos de dominação; depois, a mídia impressa, o rádio e a televisão foram postos a serviço da tirania. Hoje, as ferramentas de dominação mudaram: a internet, as redes sociais e os algoritmos invisíveis. Esta opressão, silenciosa mas abrangente, devora a identidade das nações e restringe a liberdade dos seres humanos. Diante dessa situação, a escola do AhlulBayt (a.s.) repete a recomendação eterna: "Sede livres em vosso mundo." (1)

O que no século XX era conhecido como colonialismo militar e ocupação de territórios, hoje no século XXI se transformou em "colonialismo de dados". As potências ocidentais não precisam mais enviar exércitos para os países; basta que dominem as plataformas digitais e as redes de informação.

É isso que os especialistas chamam de "imperialismo digital". Cada clique do usuário, cada pesquisa, e cada conteúdo que é visto ou compartilhado, é parte dos dados que são coletados para o benefício dos centros de poder. De fato, as nações, sem saber, são a mão de obra de informação gratuita para os proprietários das plataformas. Essa situação não é outra coisa senão opressão moderna.

O Comandante dos Crentes (a.s.) em Nahj al-Balagha não limitou a opressão apenas à espada, mas a considerou como qualquer tipo de violação dos direitos humanos. Ele disse: "A opressão é de três tipos: a opressão que não é perdoada, a opressão que não é deixada impune, e a opressão que é perdoada e não é buscada." (2) A opressão digital, em muitos de seus exemplos, é a opressão que não é perdoável nem fica sem resposta.


Ferramentas da Opressão Digital: Censura, Distorção e Espionagem

1. Censura e Silenciamento da Voz da Verdade Uma das manifestações claras da opressão digital é a censura generalizada nas redes sociais. Durante os crimes do regime sionista contra o povo da Palestina, milhares de contas de usuários que publicavam notícias verdadeiras foram bloqueadas ou restringidas. Isso significa calar a voz do oprimido, o que o Alcorão adverte sobre as Pessoas do Livro: "Aqueles que ocultam o que revelamos das evidências e da orientação, depois de tê-lo tornado claro para as pessoas no Livro, esses são amaldiçoados por Deus, e amaldiçoados por todos os que amaldiçoam." (3)

2. Espionagem e Violação da Privacidade Hoje, as empresas digitais, sob o lema de segurança, monitoram as camadas mais profundas da vida privada das pessoas. Chamadas, mensagens, pesquisas e até mesmo os movimentos diários das pessoas são rastreados através de smartphones. Isso contrasta com o que o Alcorão afirma explicitamente: "E não espioneis." (4) O Islã proíbe até mesmo a espionagem entre crentes comuns, quanto mais um sistema global e organizado.

O uso dessas ferramentas em si é muito desejável e louvável, pois pode ser uma plataforma para o serviço, o aprendizado e a comunicação eficaz entre os seres humanos. Mas o que transformou este espaço em um campo de opressão é o domínio, a espionagem e o uso indevido dessas ferramentas pelos inimigos. Assim como os inimigos ao longo da história usaram todos os meios para dominar e colonizar as nações, hoje eles levaram essas ferramentas digitais ao auge, tornando-as superiores a todas as ferramentas do passado.

3. Engenharia da Opinião Pública Os algoritmos são aparentemente ferramentas neutras, mas, na realidade, são projetados com base nos interesses dos detentores do poder. O que o usuário vê é apenas uma parte da verdade que foi selecionada por meio de cálculos ocultos para moldar sua opinião. Esta é a humilhação do ser humano, sobre a qual o Imam Ali (a.s.) disse em um sermão: "Não há um homem livre que abandone essa sujeira para seus donos?" (5) Esta narração é um aviso de que o crente não deve cobiçar as sobras ideológicas e de conteúdo dos inimigos. Hoje, o que o Ocidente oferece às nações na forma de conteúdo de mídia e dados superficiais não é mais do que "sobras". O único caminho para a libertação dessas sobras digitais é mover-se em direção à independência da mídia e à criação de uma internet nacional; um espaço onde o ser humano gerencia a ferramenta, em vez de a ferramenta governar o ser humano. Devemos chegar a um ponto em que essas ferramentas sirvam ao ser humano e à humanidade, em vez de a humanidade servir a essas ferramentas e aos interesses dos dominadores.


Consequências da Opressão Digital nas Sociedades Islâmicas

A opressão digital não é apenas uma questão política ou técnica; ela tem consequências profundas na cultura e na fé das nações.

  • Primeiro, o enfraquecimento da identidade cultural: Quando os padrões de comportamento ocidentais são promovidos através das redes, a geração jovem gradualmente perde sua identidade religiosa. O Profeta (S.A.A.S.) advertiu: "Quem se assemelha a um povo, é considerado um deles." Essa narração mostra que a aceitação inquestionável de padrões estrangeiros significa juntar-se à cultura e à identidade deles.
  • Segundo, a normalização do pecado: Imagens, vídeos e mensagens que antes eram considerados pecados abertos, hoje se tornaram algo normal no espaço digital. O Alcorão Sagrado adverte: "Certamente, aqueles que amam que a imoralidade se espalhe entre os que creem, para eles haverá um castigo doloroso neste mundo e no Além. E Deus sabe, enquanto vós não sabeis." (6)
  • Terceiro, o aumento da dependência das nações: Se um país depende da infraestrutura digital estrangeira, pode enfrentar uma crise a qualquer momento devido a uma decisão política. Esta é a "humilhação" contra a qual o Islã sempre advertiu. Deus, no Alcorão Sagrado, diz: "E Deus não concederá aos incrédulos um caminho de dominação sobre os crentes." (7) Este versículo é uma prova clara de que a dependência de infraestruturas estrangeiras é contrária à tradição divina e é como dar um caminho para o domínio ao inimigo.

O Dever do Crente contra a Opressão Digital

Da perspectiva do Alcorão e da tradição do AhlulBayt (a.s.), o crente tem um duplo dever contra a opressão: primeiro, não oprimir; segundo, não se submeter à opressão. Deus, no Alcorão, diz: "E não vos inclineis para os que praticam a opressão, para que o fogo não vos atinja." (8) Este aviso corânico mostra que a menor inclinação para os opressores é igual a cair na armadilha do castigo divino, e o crente deve evitar qualquer dependência dos sistemas opressores, mesmo no espaço digital.

1. Apoio a Ferramentas Independentes: A comunidade islâmica deve, em vez de depender completamente de plataformas ocidentais, fortalecer as redes e softwares nativos. A experiência bem-sucedida de alguns países no lançamento de motores de busca independentes ou de mensageiros nativos é um exemplo de resistência prática contra a opressão digital.

2. Conscientização e Alfabetização Midiática: Uma das tarefas mais importantes do crente é esclarecer a verdade para os outros. O Imam Sadiq (a.s.) disse: "Sede pregadores para as pessoas por meio de vossas ações, e não apenas por vossas línguas." (9) Isso significa que a ação do crente e seu estilo de vida devem, por si mesmos, convidar à verdade. No espaço digital, essa tarefa é duplicada: disseminar conteúdo correto, análise consciente e crítica corajosa.

3. Fortalecimento da Fé Individual: Nenhuma resistência é sustentável a menos que seja baseada na fé do coração e na resistência à opressão. O Imam Hussein (a.s.) no dia de Ashura disse: "Saibam que o filho do desprezível me colocou diante de duas opções: a espada ou a humilhação; mas, longe de nós a humilhação!" (10)

Esta frase iluminada do Imam Hussein (a.s.) atesta bem que a fé verdadeira não é compatível com a aceitação da humilhação e da opressão. Diante do ataque digital, se o coração do crente estiver iluminado pela lembrança de Deus e pela ligação com o Alcorão e o AhlulBayt (a.s.), e sua alma estiver cheia de dignidade, nenhuma mídia ou ferramenta será capaz de levá-lo à servidão e ao desvio.

A opressão digital é uma realidade que paira sobre o mundo hoje; uma aparência moderna, mas uma natureza antiga: o domínio sobre os seres humanos. Se no passado eles acorrentavam as nações com espadas, canhões e tanques, hoje eles fazem o mesmo com dados e algoritmos. Mas o Islã e a escola do AhlulBayt (a.s.) sempre acenderam uma luz para a liberdade do ser humano. O caminho para combater essa opressão não está na inação, mas na consciência, na fé e na resistência. O crente tem o dever de, em vez de se submeter às ferramentas de dominação, construir ferramentas independentes e narrativas verdadeiras. Assim como o Imam Hussein (a.s.) gritou em Ashura: "Longe de nós a humilhação!" (10), a resposta do crente à opressão digital é a mesma: Não à dominação, sim à liberdade verdadeira.

E agora, somos nós que devemos conquistar essas ferramentas úteis e benéficas para a humanidade e quebrar o domínio da arrogância sobre elas. O domínio da arrogância sobre as novas ferramentas de mídia é o tipo mais recente e avançado de escravidão em nossa era atual.


Referências e Notas:

  1. Bihar al-Anwar, vol. 44, p. 192.
  2. Nahj al-Balagha, Sabedoria 324.
  3. Alcorão, Sura al-Baqarah, versículo 159.
  4. Alcorão, Sura al-Hujurat, versículo 12.
  5. Nahj al-Balagha, Sermão 3.
  6. Alcorão, Sura an-Nur, versículo 19.
  7. Alcorão, Sura an-Nisa, versículo 141. (O texto original refere-se a este versículo, que é frequentemente citado, mas a referência no final do artigo aponta para Sura Hud, versículo 113. A tradução do versículo 113 de Hud é: "E não vos inclineis para os que praticam a opressão, para que o fogo não vos atinja." A tradução foi ajustada para corresponder à referência textual).
  8. Alcorão, Sura Hud, versículo 113. (O texto original referencia Sura Hud, versículo 113, mas o texto do artigo traduz Sura an-Nisa, versículo 141. A tradução foi ajustada para a referência correta do versículo citado no artigo, que é de Hud, pois a referência numérica é mais confiável do que a tradução literal no próprio artigo).
  9. Al-Kafi, vol. 2, p. 78.
  10. Lahuf, Sayyid ibn Tawus, p. 91.

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