31 julho 2025 - 15:01
Cartas do Nahj al-Balagha (14): A Observância dos Princípios Ideológicos em Batalhas Impostas

A Carta 14 do Nahj al-Balagha é um conjunto de instruções políticas, militares, sociais e éticas sobre o combate aos inimigos, que Imam Ali (A.S.) enviou aos comandantes de seu exército. Este conjunto de instruções demonstra a prioridade da prudência no início de qualquer guerra e a observância dos princípios ideológicos em batalhas impostas.

De acordo com a Agência Internacional de Notícias AhlulBayt (A.S.) – ABNA, em diversas fontes narrativas, a Carta 14 do Nahj al-Balagha, ou textos semelhantes, foi citada em diferentes épocas e locais. Isso indica que Imam Ali (A.S.), com esta frase ou frases semelhantes, enfatizou repetidamente, ao enviar tropas para a batalha, que os princípios humanos e ideológicos devem ser observados antes, durante e depois da guerra. É especialmente notável que o Imam (A.S.) enfatizou várias vezes nessas passagens que não se deve iniciar o combate. Dessa forma, os princípios expressos nessas cartas podem ser considerados "princípios ideológicos em tempos de guerras impostas".

A autenticidade desta carta, antes da compilação do Nahj al-Balagha, pode ser encontrada em livros como "Tarikh Tabari", "Siffin" de Nasr ibn Muzahim, "Furu' al-Kafi" do falecido Kulayni, "Muruj al-Dhahab" de Mas'udi e Ibn A'tham al-Kufi.


A Prioridade de Não Iniciar a Guerra

Na primeira parte desta carta, Imam Ali (A.S.) enfatiza que nunca se deve iniciar a guerra, e ele também explica o motivo disso:

"لَا تُقَاتِلُوهُمْ حَتَّی یَبْدَءُوکُمْ، فَإِنَّکُمْ بِحَمْدِ اللَّهِ عَلَی حُجَّةٍ، وَ تَرْکُکُمْ إِیَّاهُمْ حَتَّی یَبْدَءُوکُمْ حُجَّةٌ أُخْرَی لَکُمْ عَلَیْهِمْ." "Não lutem contra eles até que eles os ataquem primeiro, pois, louvado seja Deus, vocês têm um argumento forte; e o fato de vocês os deixarem começar a guerra é outro argumento a favor de vocês e contra eles."

É claro que quem possui argumentos sólidos e razões claras para suas crenças não precisa usar a força ou instrumentos de poder para estabelecê-las. No entanto, se o inimigo criar condições que não deixem outra escolha senão a batalha, ou seja, se a guerra for imposta, é natural que, nesse caso, se deva enfrentar os inimigos com força; como o Imam (A.S.) enfatizou em muitos de seus discursos e cartas.


A Conduta Após a Vitória em uma Guerra Imposta

Mas se o inimigo for derrotado nesta guerra imposta, não se deve ser arrogante, e deve-se saber que a vitória vem de Deus:

"إِذَا کَانَتِ الْهَزِیمَةُ بِإِذْنِ اللَّهِ." "Se a derrota ocorrer com a permissão de Deus."

E uma vez que pagaram o preço de suas agressões, após uma avaliação abrangente das condições e desde que haja uma prontidão constante para repelir uma possível agressão futura, não se deve continuar a batalha. Pois o objetivo não é a vingança, mas sim a "remoção da discórdia" e a "incapacitação do inimigo". Em qualquer fase da batalha em que se tenha certeza desses dois pontos, não há razão para continuar o combate.

Imam Ali (A.S.) também, referindo-se a este ponto em sua ordem militar, afirmou:

"فَلَا تَقْتُلُوا مُدْبِراً وَ لَا تُصِیبُوا مُعْوِراً." "Não matem quem foge e não ataquem quem está incapacitado."

Um inimigo que fugiu ou, na linguagem de hoje, propôs um cessar-fogo sem ter alcançado seus objetivos declarados, significa que não tem mais capacidade para continuar a batalha.

A precisão na palavra "معور" (mu'awwar) indica que este termo significa mais do que "considerar o estado dos feridos do inimigo" na guerra. "Mu'awwar" (incapacitado) deriva originalmente da raiz "ʿār" e "ʿawar" (com o peso de "ghawr"), significando defeito e pontos vulneráveis. Refere-se a alguém que não tem capacidade de se defender e é vulnerável ao ataque dos adversários. Portanto, se os pontos de gestão, estratégicos e de comando do inimigo forem atacados de tal forma que ele se torne incapaz de responder e não haja mais preocupação com seus ataques militares e artimanhas, deve-se parar a batalha com nobreza, para que menos pessoas, mesmo que sejam inimigos, sejam feridas.

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