Abna Brasil: Na melodia silenciosa da história, quando o Mestre da Eloquência, Ali (a.s.), deseja se apresentar, pronuncia um dos títulos mais luminosos e honrosos que possui: “Esposo de Fátima Zahra (sa)”!
Isto não é apenas um vínculo terreno; é o cântico de uma grandeza escrita no céu sagrado do amor.
Ali (a.s.), que por si é um oceano ilimitado de conhecimento e coragem, encontrou, à beira da existência de Fátima (sa), uma serenidade que maravilhou o mundo. Aos olhos do Mestre dos Crentes, Fátima (sa) não era somente uma esposa; ela era o espelho da luz da Profecia — uma parte do próprio Mensageiro de Deus (saws), portadora do mais nobre legado da missão profética.
Ela era companheira na ascensão espiritual; aquela cujas respirações, nas preces da madrugada, se harmonizavam com as de Ali (a.s.), e cujas almas juntos sussurravam ao Criador.
Era guardiã dos segredos da Wilayah; a única que compreendia a profundidade das dores e queixas do Imam, aquele cuja verdadeira grandeza o mundo não tinha capacidade de compreender.
Era a mãe dos filhos que se tornaram adorno da existência: Hasan, Husayn e Zaynab (a.s.), cada um uma flor do jardim da vida dela e de Ali (a.s.).
Ela era o critério da verdade; tanto que Ali (a.s.) afirmou: «Fátima (sa) era, para mim, mais preciosa do que todas as criaturas de Deus».
Ela era a lembrança viva do Mensageiro de Deus (saws); e Ali (a.s.), ao olhar para ela, mantinha viva a memória e o caminho de seu amado Profeta.
Ali (a.s.) descreve Fátima (sa) dizendo:
«Eu a via como uma estrela brilhante que despontou no horizonte da minha vida. Sempre que eu olhava seu rosto, toda tristeza e angústia deixavam meu coração».
Esta frase não é apenas uma emoção pessoal; é um testemunho da posição que a Senhora das Mulheres do Mundo ocupava no coração daquele que era o Senhor dos Homens.
Talvez seja por isso que Ali (a.s.), com orgulho e amor celestial, se apresenta como “esposo de Fátima”; pois essa relação testemunha o mais nobre laço que uniu a terra ao reino celestial, formando um lar diante do qual até os anjos se detêm em reverência.
Ali (a.s.), dentre suas honrarias, diz em seu sermão em Kufa, após retornar de Nahrawan:
«Eu sou o esposo da Batul, Senhora das Mulheres do Universo, Fátima — piedosa, pura, imaculada, virtuosa, guiada, a amada do Amado de Deus, a melhor de Suas filhas, sua descendente mais nobre e a flor perfumada do Mensageiro de Deus». (1)
Esta afirmação é profundamente significativa: ao apresentar-se, o Comandante dos Fiéis (a.s.) não se limitou a mencionar seu nome — selecionou expressões belas e profundas para descrevê-la.
Se fosse apenas um título de honra, dizer “sou o esposo de Fátima” bastaria. Mas a insistência de Ali (a.s.) em descrever suas virtudes, especialmente em diferentes ocasiões, é uma mensagem divina e sábia que contém segredos grandiosos.
1. Defender uma verdade ameaçada pela distorção
Após o falecimento do Profeta (saws), certos grupos tentaram diminuir a posição da Ahl al-Bayt (a.s.).
Ao descrever as virtudes de Fátima (sa), o Imam Ali (a.s.) revivia a tradição profética e preservava sua memória como eixo da verdade.
Ele, ao enumerar seus méritos, desmentia distorções históricas e mostrava que ela não era apenas uma esposa, mas o pilar da Imamat e a continuadora da missão profética.
2. Apresentar um modelo completo para a comunidade
Ao falar das virtudes de Fátima (sa), Ali (a.s.) não estava apenas descrevendo sua esposa; estava apresentando um método educacional e formador de seres humanos.
Para Ali (a.s.), Fátima (sa) era a manifestação viva do Alcorão, da piedade, do sacrifício, da resistência e da adoração.
Assim, suas descrições tornavam-se um guia prático especialmente para as mulheres muçulmanas, mostrando que a verdadeira grandeza humana vem da fé e das boas ações — não de riqueza ou status.
3. Revelar a grandeza da própria autoridade do Imam
As virtudes de Fátima (sa) eram um espelho que mostrava a grandeza do Imam que merecia ser o sucessor do Profeta (saws).
Quando Ali (a.s.) fala do conhecimento, pureza, devoção e sacrifício de Fátima (sa), ele revela uma dimensão da legitimidade e santidade da Família da Revelação, reforçando o vínculo inquebrável entre Profecia, Imamat e Wilayah.
4. Cumprir uma dívida histórica e missão de anunciar a verdade
Ali (a.s.) considerava-se devedor de Fátima (sa), não apenas como esposa, mas como uma aliada fiel que, nos dias mais difíceis do Islã, foi o abrigo da verdade e defensora da Wilayah.
Ao revelar suas virtudes, o Imam Ali (a.s.) pagava parte dessa grande dívida, declarando à história que Fátima (sa) não foi apenas vítima da opressão, mas um pico de virtude cuja grandeza foi negada pelos inimigos.
5. Evidenciar a centralidade da Família do Profeta
Ao descrever as posições espirituais de Fátima (sa), Ali (a.s.) lembrava ao mundo que o critério no Islã não é linhagem, mas piedade e proximidade ao Profeta (saws) em fé e ação.
Fátima (sa) foi escolhida por Deus não apenas por ser filha do Profeta, mas por suas qualidades espirituais e morais — tão elevadas que até os anjos testemunharam sua pureza.
Este testemunho é um brado ressonante no amanhecer da história:
“Ó pessoas do mundo! Se desejam saber quem eu sou, devem primeiro conhecer aquela dama celestial cujo coração preservou a luz da Imamat. Ela não era apenas minha esposa; era a essência do Mensageiro de Deus, a mãe dos Imames, e o modelo eterno de resistência e adoração.
Eu sou Ali porque sou o esposo de Fátima — e Fátima é Fátima!”
Que a paz esteja sobre Ali (a.s.), cuja grandeza brilhou através de seu amor por Fátima (sa);
e que a paz esteja sobre Fátima (sa), cujo brilho iluminou o coração de Ali (a.s.), tornando-os uma única luz em duas formas.
Zahra Salehi Far, Mestre em Estudos Corânicos e Tradicionais, estudante de Mestrado em Gestão de Mídia na Universidade Baqir al-Ulom
Nota
- Al-Amali, de Al-Saduq, p. 77
Your Comment