Segundo a Agência de Notícias Internacional Ahlul Bait (A.B.N.A.), o Aforismo 18 de Nahj al-Balagha faz parte de um discurso em que Amir al-Mu'minin (A.S.) critica a tomada de decisão de algumas figuras proeminentes durante o confronto com os inimigos. Este tema é abordado em fontes tanto sunitas, como no livro Al-Isti'ab fi Ma'rifah al-Ashab, de Ibn 'Abd al-Barr, quanto xiitas, como no livro Amali, de Sheikh Tusi, com algumas variações na redação.
No Aforismo 18, Imam Ali (A.S.) se refere àqueles que se abstiveram da luta, não apoiando a verdade nem tendo a coragem de cooperar com a falsidade, dizendo:
«وَ قَالَ (علیهالسلام) فِی الَّذِینَ اعْتَزَلُوا الْقِتَالَ مَعَهُ: خَذَلُوا الْحَقَّ، وَ لَمْ یَنْصُرُوا الْبَاطِلَ.»
"Ele disse sobre aqueles que se afastaram da luta ao seu lado: 'Eles abandonaram a verdade, mas não ajudaram a falsidade.'"
É evidente que, em algumas situações, o silêncio diante do confronto entre o bem e o mal pode ser considerado apenas como "deixar de apoiar o bem e não ajudar o mal". Contudo, em muitas ocasiões, a inação prática em batalhas entre o bem e o mal significa um apoio tácito à falsidade.
Conforme Imam Ali (A.S.) explica claramente no Aforismo 262:
«وَ قِیلَ: إنَّ الْحارِثَ بْنَ حُوطٍ أتاهُ فَقالَ: أَتَرانی أَظُنُّ أصْحابَ الْجَمَلِ کانُوا عَلی ضَلالَةٍ؟ وَ قَالَ عَلیهِ السَّلامُ: یَا حَارِثُ، إِنَّکَ نَظَرْتَ تَحْتَکَ وَ لَمْ تَنْظُرْ فَوْقَکَ فَحِرْتَ! إِنَّکَ لَمْ تَعْرِفِ آلْحَقَّ فَتَعْرِفَ مَنْ أَتَاهُ، وَ لَمْ تَعْرَفِ آلْبَاطِلَ فَتَعْرِفَ مَنْ أَتَاهُ. فَقالَ الْحارِثُ: فَإِنّی أعْتَزِلُ مَعَ سَعیدِ بْنِ مالِکٍ وَ عَبْدِاللهِ بْنِ عُمَرَ، فَقَالَ (علیه السلام): إِنَّ سَعِیداً وَ عَبْدَاللهِ بْن عُمَرَ لَمْ یَنْصُرَا آلْحَقَّ وَ لَمْ یَخْذُلاَ البَاطِلَ.»
Foi dito que "Harith ibn Hawt" (que era considerado um dos seus companheiros, mas seguia um caminho errado) se dirigiu a ele e perguntou: "Você acha que eu considero o exército de Jamal (a Batalha do Camelo) no caminho do erro?" Imam Ali (A.S.) respondeu:
"Ó Harith! Você olhou para baixo e não para cima, por isso ficou confuso e desnorteado (se tivesse olhado para mim e para o grupo de Emigrantes e Ansar do Profeta (S.A.A.S.), não teria ficado confuso em reconhecer a verdade). Você não conheceu a verdade para, então, reconhecer aqueles que a seguem. E não conheceu a falsidade para, então, identificar aqueles que a seguiram." Harith, para se justificar, disse: "Eu me retiro com Sa'id ibn Malik (Sa'd ibn Malik, conhecido como Sa'd ibn Abi Waqqas) e 'Abdullah ibn 'Umar (ibn al-Khattab)." O Imam (A.S.) então respondeu: "Sa'id e 'Abdullah ibn 'Umar não ajudaram a verdade e nem humilharam a falsidade (eles seguiram um caminho errado, como você pode se inspirar neles?)."
No Aforismo 262, que pode ser considerado um esclarecimento do Aforismo 18, o Imam (A.S.) enfatiza a necessidade de conhecer a verdade e de se esforçar para diferenciá-la da falsidade. Ele explica que "a falta de apoio à verdade significa, na prática, um apoio ao mal". Isso acontece porque, se a verdade não for apoiada, o mal se sente mais poderoso e continua com suas injustiças. Dessa forma, quem não ajuda a verdade, na realidade, está ajudando o mal.
Diante disso, surge a questão: na era atual, há pessoas que se consideram intelectuais e especialistas em diversas áreas políticas e não políticas, e que têm ferramentas, redes de contato e habilidades nacionais ou internacionais, mas permanecem em silêncio diante das injustiças flagrantes dos inimigos do Islã. Será que realmente não têm a capacidade de análise política e de reconhecer a verdade, ou será que, por causa de seus interesses governamentais ou pessoais, desistiram de declarar seu apoio à verdade?
Sem dúvida, em um tempo em que a batalha entre o bem e o mal se tornou mais clara do que nunca, essa é uma pergunta que cada pessoa, em qualquer posição ou status, deve fazer a si mesma.
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