20 setembro 2025 - 10:02
Sermão 18 de Nahj al-Balagha A Religião, o Profeta e o Livro de Vocês não são Um Só?!

A apresentação de diferentes opiniões em julgamentos judiciais ou pessoais sobre o mesmo assunto, quando baseada em fundamentos incorretos ou em tópicos irrelevantes, sem dúvida cria diversas divergências. Mais estranho do que as próprias opiniões divergentes é o fato de que elas são endossadas por aqueles que afirmam ser estudiosos e juízes. Este é um tema que o Imam Ali (A.S.) abordou no Sermão 18 de Nahj al-Balagha.

De acordo com a Agência de Notícias Internacional Ahlul Bait (A.B.N.A.), alguns comentaristas de Nahj al-Balagha afirmam que o Sermão 18 é uma continuação do Sermão 17, e que Seyed Razi os separou em duas partes por alguma razão. A análise das fontes deste sermão confirma esta ideia. Geralmente, as fontes anteriores a Seyed Razi que citaram este discurso de Amir al-Mu'minin (A.S.) o apresentaram como uma única peça; no entanto, as fontes que vieram depois e o citaram a partir de Nahj al-Balagha, transcreveram apenas a parte selecionada.

De qualquer forma, em fontes narrativas como Usul al-Kafi de Sheikh Kulayni, Manaqib de Khwarizmi, Tawhid do falecido Sheikh Sadouq, e nos livros Da'a'im al-Islam e Tafsir Burhan, esses dois sermões são por vezes citados juntos e, em outras, separadamente.

No Sermão 18, Imam Ali (A.S.) adverte aqueles que emitem julgamentos diferentes sobre um "mesmo assunto" e que, mesmo assim, alguém aceita e considera ambas as sentenças contraditórias como corretas:

«تَرِدُ عَلی اَحَدِهِمُ الْقَضِیَّةُ فی حُکْمٍ مِنَ الاَحْکامِ فَیَحْکُمُ فیها بِرَأیِهِ، ثُمَّ تَرِدُ تِلْکَ الْقَضِیَّةُ بِعَیْنِها عَلی غَیْرِهِ فَیَحْکُمُ فیها بِخلاف قَوْلِهِ، ثُمَّ یَجْتَمِعُ الْقُضاةُ بِذلِکَ عِنْدَ الاِمامِ الَّذی اسْقَضَاهُمْ فَیُصَوِّبُ آراءَهُمْ جَمیعآ.»

"Acontece de um deles ser confrontado com uma questão de julgamento, e ele a decide com base em sua própria opinião. Então, a mesma questão é apresentada a outro juiz, que a decide de forma contrária ao primeiro. Em seguida, todos esses juízes (com suas opiniões contraditórias) se reúnem diante do líder que os nomeou, e ele aprova as opiniões de todos eles!"


Se olharmos para este sermão de Amir al-Mu'minin (A.S.) com uma perspectiva moderna, as diferenças de significado que vemos em questões como direitos humanos, terrorismo, e a forma de aplicação das leis de várias organizações internacionais em diferentes países podem ser um exemplo claro de julgamentos contraditórios sobre um mesmo assunto.

Talvez essa diferença de opinião possa ser aceita entre seguidores do Islã e não-muçulmanos, já que eles analisam os eventos políticos ou jurídicos a partir de duas bases distintas. No entanto, quando essa diferença surge entre os próprios muçulmanos, Imam Ali (A.S.) se manifesta, dizendo:

«وَ اِلهُهُمْ واحِد! وَ نَبِیُّهُمْ واحِد! وَ کِتابُهُمْ واحِد! اَفَاَمَرَهُمُ اللّهُ سُبْحانَهُ بِالاِخْتِلافِ فَاَطاعُوهُ! اَمْ نَهاهُمْ عَنْهُ فَعَصَوْهُ! اَمْ اَنْزَلَ اللّهُ سُبْحانَهُ دینآ ناقِصآ فَاسْتَعانَ بِهِمْ عَلیِ اِتْمامِهِ! اَمْ کانُوا شُرَکاءَ لَهُ، فَلَهُمْ اَنْ یَقُولُوا، وَ عَلَیْهِ اَنْ یَرْضی؟ اَمْ اَنْزَلَ الله سُبْحانَهُ دینآ تامّآ فَقَصَّرَ الرَّسُولُ(ص) عَنْ تَبْلیغِهِ وَ اَدائِهِ.»

"E o Deus deles é Um! E o Profeta deles é Um! E o Livro deles é Um! Então, como é possível que todas essas opiniões contraditórias sobre a mesma questão sejam o julgamento de Deus?! Acaso Deus, o Sublime, ordenou a eles a discórdia, e eles obedeceram a Sua ordem?! Ou os proibiu dela e eles O desobedeceram?! Ou Ele, o Sublime, enviou uma religião incompleta e pediu a ajuda deles para completá-la?! Ou eles são sócios de Deus, e têm o direito de falar (e julgar e criar leis), e Ele é obrigado a concordar?! Ou Deus, o Sublime, enviou uma religião completa, mas o Mensageiro (S.A.A.S.) foi negligente em transmiti-la e cumpri-la?!"


Agora, devemos perguntar: como é possível que a matança de muçulmanos por outro grupo de muçulmanos seja considerada permissível, enquanto a luta contra os judeus — os piores inimigos dos muçulmanos — não o seja? Como se pode professar o Islã e, ao mesmo tempo, permanecer em silêncio ao oferecer serviços militares ou de inteligência àqueles que massacram muçulmanos?

Sem dúvida, as divergências entre os países muçulmanos não são resultado de fraqueza ou deficiências na religião, mas sim um sinal de instabilidade nas crenças. Essa instabilidade faz com que se aceite tanto a ajuda ao regime sionista e anti-islâmico, quanto a lamentação pela morte de dezenas de milhares de muçulmanos mortos por esse mesmo regime, sem qualquer ação prática para salvá-los. Agora, mais uma vez, devemos perguntar, nas palavras de Amir al-Mu'minin (A.S.):

"E o Deus deles é Um! E o Profeta deles é Um! E o Livro deles é Um!"

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